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Dois são encontrados mortos na Febem de Franco da Rocha
14/09/2003 | 21:15
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Dois internos da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) foram assassinados na madrugada deste domingo a socos, pontapés e golpes de estiletes feitos de madeira no alojamento 3 da ala F, da Unidade 31 de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, a mais problemática da instituição. W.F.M., de 17 anos, o Popeye, um dos líderes dos 287 infratores internados – maiores e menores – confessou a autoria das mortes, praticadas com outros dois garotos. “Eles ameaçaram, diziam que matariam a gente e não tivemos outra saída”, justificou Popeye aos responsáveis pela segurança, quando avisou sobre os corpos.

As vítimas, R.P.S.G. e J.E.C., ambos de 18 anos, eram autores de assaltos e estavam envolvidos com o tráfico de drogas. Encontravam-se na unidade havia mais de um ano. Eles foram atacados enquanto dormiam. Após o assassinato, os autores disseram terem adormecido ao lado dos corpos à espera da troca dos seguranças, às 7h, quando avisaram sobre as mortes.

Popeye começou a chamar pelos seguranças. Um dos agentes abriu o alojamento da ala F e encontrou os corpos. De acordo com este agente, os menores explicaram em detalhes como mataram os companheiros de alojamento e “descreveram o crime como se estivessem contando a história de uma festa”. Popeye revelou que eles esperaram os dois dormirem, amarraram seus pés e suas mãos e amordaçaram-nos para que não gritassem. E passaram a torturá-los, até constatar que estavam mortos. “Popeye disse que as mortes devem servir como exemplo para fortalecer sua liderança e chefia perante os infratores”, afirmou um dos agentes.

Os legistas do IML (Instituto Médico-Legal) e os agentes de segurança dos alojamentos informaram que as mortes foram, de fato, praticadas com crueldade. Uma das vítimas foi encontrada com um estilete espetado na cabeça.

Um pelotão da Tropa de Choque da Polícia Militar fez uma varredura de manhã nos alojamentos, em busca de armas e drogas. Foram apreendidos, segundo os militares, estiletes e cigarros de maconha.

Com 287 internos – autores de crimes como seqüestro, homicídio, assalto, seqüestro relâmpago –, a Unidade 31 tem sua segurança interna feita por agentes que foram deslocados do Complexo do Tatuapé da Febem.

Desde o assassinato, pelos internos, do monitor Rogério Rosa, de 32 anos, em 13 de agosto, os monitores se recusam a entrar nos alojamentos em Franco da Rocha. As chaves das portas dos alojamentos e de acesso às alas ficam com as chefias de segurança. “Só eles abrem e fecham as portas”, explicou Ubiratan Evangelista de Souza, diretor do sindicato.




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