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Fim de semana tem Gal e Bethânia juntas no palco
Do Diário do Grande ABC
17/02/2000 | 15:40
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Formalmente, Maria Bethânia e Gal Costa cantaram juntas, ao vivo, apenas outras duas vezes: em 1964, em Salvador, no show "Nós, por Exemplo", que marcou a estréia profissional delas duas e de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Tom Zé e, em 1976, no espetáculo "Doces Bárbaros". Fora isso estiveram juntas, eventualmente, em programas de televisao - ou cantaram duetos, em discos de Maria Bethânia. Sempre nos de Bethânia: "Eu a convido para gravar comigo, mas ela nunca me convidou", diz Bethânia, que nao está reclamando, mas achando graça da constataçao.

De fato. Gal Costa, aliás, gravou pela primeira vez num disco de Bethânia, fazendo dueto com ela na linda e tristíssima cançao "Sol Negro", que Caetano Veloso escreveu para as duas. "Sol Negro", naturalmente, é um dos números do show que fazem juntas, sábado e domingo, no Credicard Hall, em Sao Paulo. Em 1964, quando cantaram a música pela primeira vez ("Na minha voz/Trago a noite e o mar/O meu canto é a luz/De um sol negro", cantava Bethânia, o grave rasgando noite e mar; Gal Costa, ainda conhecida como Maria da Graça, respondia: "Valha, Nossa Senhora/Há quanto tempo ele foi-se embora/Foi pra bem longe, para além do mar/Para além dos braços de Iemanjá/Adeus"), obedeciam a uma disposiçao de palco determinada pelo autor: uma em cada extremo da cena, Gal de preto, Bethânia de branco.

A disposiçao foi mantida e Gal continua de preto. Bethânia trocou o branco pelo prateado. O show de sábado e depois é o mesmo que foi apresentado para casa lotada, no Rio, no fim de semana passado. Elas abrem juntas o espetáculo, com "Os mais Doces Bárbaros", de Caetano Veloso, e "Oraçao para Mae Meninha", de Dorival Caymmi. Gal sai, Bethânia canta meia hora. "Nao É A Força Que nunca Seca, nada formal; canto coisas que gosto de cantar, posso dizer um texto ou nao dizer nenhum", conta. "Devo cantar Sampa: me faz bem cantar Sampa em Sao Paulo", adianta.

Depois Gal Costa volta e as duas cantam mais dois números. Bethânia sai, Gal apresenta uma versao reduzida do espetáculo dedicado à música de Tom Jobim. Para encerrar, cantam juntas mais quatro música. A última delas é "Força Estranha", feita por Caetano para Roberto Carlos.

Dobrando a carioca - Outra grande pedida musical é "Dobrando a Carioca" - espetáculo que junta, esta sexta-feira e sábado, na Choperia do Sesc Pompéia, quatro grandes músicos que, à primeira vista, sao diferentíssimos entre si: os compositores, violonistas e cantores Jards Macalé, Guinga e Moacyr Luz e o cantor Zé Renato. Você vem descendo a Rua da Carioca, no centro do Rio, dobra lá no fim e está no Teatro Joao Caetano. Você pode estar vindo do centenário Bar Luiz, de famoso chope gelado e petiscos alemaes. É comum que se chegue ao Teatro Joao Caetano vindo pela Rua da Carioca, por isso mesmo.

Foi no Joao Caetano que "Dobrando a Carioca", o show, estreou, em novembro. Na verdade, a direçao do teatro havia convidado Moacy Luz para temporada de uma semana. "Mas eu sou um agregador, gosto de ter gente comigo e nao queria fazer sozinho uma semana de show", conta Moacyr. "Já vinha, havia algum tempo, pensado em montar um espetáculo com Macalé, Guinga e Zé Renato e, numa temporada anterior, havia convidado cada um deles para fazer participaçao no meu show, separadamente".

A idéia inicial era que os quatro tocassem alguns números juntos e apresentassem, sozinhos, as obras respectivas. Mas quando começaram os ensaios, todos queriam tocar tudo. "Dobrando a Carioca", por fim, virou show de quarteto.

Sax de boca - E o repertório nao ficou restrito às obras dos participantes. Tanto que o show é aberto com "Um a Zero", de Pixinguinha (letra de Nelson Angelo: "Vai começar o futebol..."), e encerrado com Noel Rosa: "Com que Roupa?" Há espaço para o solo de "sax de boca" de Jards Macalé (que canta Vapor Barato e Anjo Exterminado, músicas dele e de Wally Salomao), para "Favela", samba de Padeirinho e Jorginho, para "Nêga Dina", de Zé Kéti, para "Serra da Boa Esperança", de Ari Barroso e Lamartine Babo.

Macalé tirou do baú um samba de breque de Sebastiao Fonseca e Ciro Nunes chamado "Cidade Lagoa". Diz a letra que, a qualquer chuvinha, a cidade enche tanto que dá para ir de barca do Praça da Bandeira ao Catumbi - no Rio. Vale para Sao Paulo, com adaptaçao: da Praça da Bandeira ao Morumbi. Claro, nao faltarao composiçoes de Moacyr Luz (Carlos Cachaça, Anjo da Velha Guarda, letras de Aldir Blanc) e Guinga (Você, Você, parceria com Chico Buarque, Catavento e Girassol, Chá de Panela, letras do mesmo Aldir Blanc, Saci, letra de Paulo César Pinheiro).

Opçoes - Os shows mencionados sao opçoes de ótima música. Mas há outras. Perto do carnaval, o samba reina. No Carioca Club, esta sexta-feira à noite, integrantes da Mangueira apresentam o enredo do carnaval 2000 e lembram grandes sucessos da escola, sambas de avenida e de quadra. Os Meninos do Morumbi, com o Bloco Pagodao, os Unidos da Melhor Idade, a Banda Deco e outras atraçoes fazem, esta sexta-feira e sábado, no Sambódromo, a Pholianafaria.

A Fnac continua sua semana voltada para o carnaval: esta sexta-feira tem Jair Rodrigues, sábado canta Leci Brandao e, no domingo, juntam-se integrantes do show (e disco) "Esquina Carioca": Moacyr Luz (que nao perde o fôlego), Walter Alfaiate, Luiz Carlos da Vila, mais o Quinteto em Branco e Preto. O Quinteto, grande revelaçao do samba paulistano - grande samba o desses meninos, que estao com o disco pronto, a sair em breve -, faz show-solo, só esta sexta-feira, no Villagio Café. Quem nao viu precisa ver. Se há alguém que nao goste de samba, passa a gostar, depois de ver o Quinteto.

Pagode e feijoada - Mais samba bom, com o bamba Nei Lopes, sábadop, no Feijoada com Pagode do Consulado da Cerveja. É o início da tarde. A noite, tem Rosa Passos, que fica até sábado em cartaz no Supremo Musical. Ou Luiz Melodia, também esta sexta-feira e sábado, no Teatro do Sesc Pompéia. Tem ainda Joao Nogueira, sábado e domingo, no Teatro do Sesc Vila Mariana.

É de bom tom ir ouvir Célia, esta sexta-feira à noite, no Auditório do Sesc Vila Mariana, ou dançar o forró animadíssimo da Banda Mafuá, que toca esta sexta-feira no Centro Cultural Elenko KVA. Ou, ainda, ouvir ritmos caribenhos com Christianne Neves e banda no domingo, no Bourbon Street. Difícil é escolher.




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