De fato. Gal Costa, aliás, gravou pela primeira vez num disco de Bethânia, fazendo dueto com ela na linda e tristíssima cançao "Sol Negro", que Caetano Veloso escreveu para as duas. "Sol Negro", naturalmente, é um dos números do show que fazem juntas, sábado e domingo, no Credicard Hall, em Sao Paulo. Em 1964, quando cantaram a música pela primeira vez ("Na minha voz/Trago a noite e o mar/O meu canto é a luz/De um sol negro", cantava Bethânia, o grave rasgando noite e mar; Gal Costa, ainda conhecida como Maria da Graça, respondia: "Valha, Nossa Senhora/Há quanto tempo ele foi-se embora/Foi pra bem longe, para além do mar/Para além dos braços de Iemanjá/Adeus"), obedeciam a uma disposiçao de palco determinada pelo autor: uma em cada extremo da cena, Gal de preto, Bethânia de branco.
A disposiçao foi mantida e Gal continua de preto. Bethânia trocou o branco pelo prateado. O show de sábado e depois é o mesmo que foi apresentado para casa lotada, no Rio, no fim de semana passado. Elas abrem juntas o espetáculo, com "Os mais Doces Bárbaros", de Caetano Veloso, e "Oraçao para Mae Meninha", de Dorival Caymmi. Gal sai, Bethânia canta meia hora. "Nao É A Força Que nunca Seca, nada formal; canto coisas que gosto de cantar, posso dizer um texto ou nao dizer nenhum", conta. "Devo cantar Sampa: me faz bem cantar Sampa em Sao Paulo", adianta.
Depois Gal Costa volta e as duas cantam mais dois números. Bethânia sai, Gal apresenta uma versao reduzida do espetáculo dedicado à música de Tom Jobim. Para encerrar, cantam juntas mais quatro música. A última delas é "Força Estranha", feita por Caetano para Roberto Carlos.
Dobrando a carioca - Outra grande pedida musical é "Dobrando a Carioca" - espetáculo que junta, esta sexta-feira e sábado, na Choperia do Sesc Pompéia, quatro grandes músicos que, à primeira vista, sao diferentíssimos entre si: os compositores, violonistas e cantores Jards Macalé, Guinga e Moacyr Luz e o cantor Zé Renato. Você vem descendo a Rua da Carioca, no centro do Rio, dobra lá no fim e está no Teatro Joao Caetano. Você pode estar vindo do centenário Bar Luiz, de famoso chope gelado e petiscos alemaes. É comum que se chegue ao Teatro Joao Caetano vindo pela Rua da Carioca, por isso mesmo.
Foi no Joao Caetano que "Dobrando a Carioca", o show, estreou, em novembro. Na verdade, a direçao do teatro havia convidado Moacy Luz para temporada de uma semana. "Mas eu sou um agregador, gosto de ter gente comigo e nao queria fazer sozinho uma semana de show", conta Moacyr. "Já vinha, havia algum tempo, pensado em montar um espetáculo com Macalé, Guinga e Zé Renato e, numa temporada anterior, havia convidado cada um deles para fazer participaçao no meu show, separadamente".
A idéia inicial era que os quatro tocassem alguns números juntos e apresentassem, sozinhos, as obras respectivas. Mas quando começaram os ensaios, todos queriam tocar tudo. "Dobrando a Carioca", por fim, virou show de quarteto.
Sax de boca - E o repertório nao ficou restrito às obras dos participantes. Tanto que o show é aberto com "Um a Zero", de Pixinguinha (letra de Nelson Angelo: "Vai começar o futebol..."), e encerrado com Noel Rosa: "Com que Roupa?" Há espaço para o solo de "sax de boca" de Jards Macalé (que canta Vapor Barato e Anjo Exterminado, músicas dele e de Wally Salomao), para "Favela", samba de Padeirinho e Jorginho, para "Nêga Dina", de Zé Kéti, para "Serra da Boa Esperança", de Ari Barroso e Lamartine Babo.
Macalé tirou do baú um samba de breque de Sebastiao Fonseca e Ciro Nunes chamado "Cidade Lagoa". Diz a letra que, a qualquer chuvinha, a cidade enche tanto que dá para ir de barca do Praça da Bandeira ao Catumbi - no Rio. Vale para Sao Paulo, com adaptaçao: da Praça da Bandeira ao Morumbi. Claro, nao faltarao composiçoes de Moacyr Luz (Carlos Cachaça, Anjo da Velha Guarda, letras de Aldir Blanc) e Guinga (Você, Você, parceria com Chico Buarque, Catavento e Girassol, Chá de Panela, letras do mesmo Aldir Blanc, Saci, letra de Paulo César Pinheiro).
Opçoes - Os shows mencionados sao opçoes de ótima música. Mas há outras. Perto do carnaval, o samba reina. No Carioca Club, esta sexta-feira à noite, integrantes da Mangueira apresentam o enredo do carnaval 2000 e lembram grandes sucessos da escola, sambas de avenida e de quadra. Os Meninos do Morumbi, com o Bloco Pagodao, os Unidos da Melhor Idade, a Banda Deco e outras atraçoes fazem, esta sexta-feira e sábado, no Sambódromo, a Pholianafaria.
A Fnac continua sua semana voltada para o carnaval: esta sexta-feira tem Jair Rodrigues, sábado canta Leci Brandao e, no domingo, juntam-se integrantes do show (e disco) "Esquina Carioca": Moacyr Luz (que nao perde o fôlego), Walter Alfaiate, Luiz Carlos da Vila, mais o Quinteto em Branco e Preto. O Quinteto, grande revelaçao do samba paulistano - grande samba o desses meninos, que estao com o disco pronto, a sair em breve -, faz show-solo, só esta sexta-feira, no Villagio Café. Quem nao viu precisa ver. Se há alguém que nao goste de samba, passa a gostar, depois de ver o Quinteto.
Pagode e feijoada - Mais samba bom, com o bamba Nei Lopes, sábadop, no Feijoada com Pagode do Consulado da Cerveja. É o início da tarde. A noite, tem Rosa Passos, que fica até sábado em cartaz no Supremo Musical. Ou Luiz Melodia, também esta sexta-feira e sábado, no Teatro do Sesc Pompéia. Tem ainda Joao Nogueira, sábado e domingo, no Teatro do Sesc Vila Mariana.
É de bom tom ir ouvir Célia, esta sexta-feira à noite, no Auditório do Sesc Vila Mariana, ou dançar o forró animadíssimo da Banda Mafuá, que toca esta sexta-feira no Centro Cultural Elenko KVA. Ou, ainda, ouvir ritmos caribenhos com Christianne Neves e banda no domingo, no Bourbon Street. Difícil é escolher.
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