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Ele também pediu ao advogado Nilo Batista para processar o doleiro James Deegan por calúnia e difamaçao.
D'Araújo Filho é acusado por Deegan de ter intermediado a venda do dossiê Cayman, série de documentos que comprovariam a existência de contas do presidente Fernando Henrique Cardoso, ministro da Saúde, José Serra, ex-ministro das Comunicaçoes Sérgio Motta, que morreu em abril de 1998, e o governador de Sao Paulo, Mário Covas (PSDB) no paraíso fiscal. Deegan denuncia também que o pastor fez operaçoes financeiras com brasileiros acusados de lavar dinheiro de traficantes e que participou de esquema de corrupçao favorecendo empresas contratadas pela Prefeitura de Sao Paulo.
O único pecado que o presbiteriano admite foi ter tentado encontrar o dossiê, em 1998, durante a campanha presidencial. Nesta sexta-feira, D'Araújo Filho falou à reportagem:
Pergunta - O que há de verdade na denúncia de James Deegan de que o sr. intermediou a venda do dossiê Cayman?
Caio Fábio D'Araújo Filho - Estou cansado de ser enxovalhado com denúncias de um bandido confesso. A melhor maneira de resolver é abrir minhas contas bancárias, dos meus parentes e assessores. Nunca vi o dossiê. Esse Deegan, só vi uma vez na vida.
P - Em que circunstância?
D'Araújo Filho - Em setembro de 98, encontrei-o na Flórida, ele disse que tinha o dossiê e cobrou US$ 1,5 milhao para entregar. Respondi que nao íamos pagar nada, só queríamos levar os documentos para técnicos avaliarem. Eu estava com uma pessoa, que foi a primeira a me falar do dossiê, sob sigilo pastoral. Deegan disse que representava grupos internacionais frustrados com o encaminhamento das privatizaçoes no Brasil. E sua parte era vender o dossiê. Recusei a oferta e depois liguei para o Nilo Batista. O Nilo disse "Sai daí imediatamente".
P - Quem foi o primeiro político com quem o sr. falou sobre o dossiê?
D'Araújo Filho - Foi o Lula (Luiz Inácio Lula da Silva, presidente de honra do PT). Depois, a pedido do Lula, conversei com o Brizola (Leonel Brizola, presidente nacional do PDT). O Brizola foi cauteloso, disse que havia grandes esquemas em épocas eleitorais e, às vezes, nao eram verdadeiros. Eu disse, entao, que sairia da história.
P - Mas o sr. nao saiu...
D'Araújo Filho - Eles disseram que, naquela conjuntura, nao teriam como buscar os documentos.
D'Araújo Filho - Lula e Brizola? Basicamente, sim.
P - Mesmo assim, o sr. procurou o dossiê?
D'Araújo Filho - Fui imprudente, contra tudo que sempre norteou minha vida. Nao devia ter falado nada, nao sou político. Sou a parte frágil da história.
P - James Deegan diz que o sr. ganhou US$ 1 milhao em operaçoes feitas com José Maria Ferraz e Oscar de Barros, presos por lavagem de dinheiro do tráfico.
D'Araújo Filho - Conheci o Oscar em 1997 e o José Maria Ferraz, em 98. Diziam que eram captadores de recursos para projetos internacionais e poderiam buscar investimentos para meu canal de TV a cabo. Nunca conseguiram nada.
P - E com Francisco Rossi (ex-candidato a prefeito de Sao Paulo), o sr. falou do dossiê?
D'Araújo Filho - A última vez que encontrei Francisco Rossi com tempo para conversar foi em 1996, durante uma viagem a Israel.
Pergunta - Há ainda denúncias de que o sr. conseguiu facilidades para empresas de fibra ótica fecharem negócio com a Prefeitura de Sao Paulo.
D'Araújo Filho - Nao tenho a menor idéia do que seja isso. Nao conheço as empresas. Nunca tive nada com a Prefeitura de Sao Paulo.
P - E com o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB)?
D'Araújo Filho - Vi Paulo Maluf duas vezes na vida. Numa, apenas o cumprimentei. Na outra, apenas o vi de longe.
P - O sr. nega todas as acusaçoes de James Deegan. De onde ele pode ter tirado tantas histórias?
D'Araújo Filho - Este homem é bandido. Uma vez, fui avisado por José Maria Ferraz de que devia tomar cuidado porque ele representava o que havia de pior e era inclusive capaz de matar. Saí de casa com meus filhos.
P - O que o fez achar que seus filhos estao em risco?
D'Araújo Filho - Uma vez, um homem foi à minha casa nos Estados Unidos e avisou que, se o nome James Deegan aparecesse envolvido em escândalo, meus filhos desapareceriam.
P - O sr. tem certeza de que jamais pôs as maos no dossiê?
D'Araújo Filho - Absoluta. Nao entendo por que a investigaçao foi abortada. Com a apuraçao concluída, até aceito a acusaçao de calúnia. Mas vai ser a primeira condenaçao da história por uma calúnia feita em conversa reservada, como tive com Lula.
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