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Costa Amalfitana emoldura o mar Tirreno
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
25/08/2005 | 10:46
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Ir à Campânia e não percorrer os 98 km da chamada Costa Amalfitana é o mesmo que visitar Roma e não dar uma passadinha no Vaticano para ver o papa. Chega a ser um sacrilégio conhecer a região e deixar cidades como Sorrento, Positano, Amalfi e Ravello de fora do roteiro. Afinal, não é todo lugar que oferece um verdadeiro varandão bem de frente para o Mediterrâneo, com casas construídas em morros, praticamente na vertical, parecendo desafiar a habilidade de engenheiros e enfeitiçar o turista com uma vista espetacular do mar Tirreno. Não à toa, a costa foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em razão de sua beleza natural.

<P>Para quem vem da capital da Campânia, o primeiro ponto de parada é Sorrento, que, embora geograficamente pertença à península onde termina o Golfo de Nápoles, é turisticamente considerada membro da Costa Amalfitana devido à semelhança de paisagens dominadas por rochedos escarpados à beira-mar. Só suas águas claras já justificam a inclusão e fama da cidade, imortalizada na canção Torna a Sorriento (Volte a Sorrento), um dos "hinos" da música popular napolitana.

<P>Cantado ou não, o convite de retornar à Sorrento é mesmo irresistível. Tanto que o charme de sua atmosfera, realçado pela agradável brisa do mar e pelo eterno perfume de laranjeiras e limoeiros, foi descoberto pelo turismo vários séculos atrás, quando personalidades como Byron, Keats, Goethe, Wagner, Ibsen e Nietzsche declararam seu fascínio pelo local.

<P>Antes de pegar a estrada sinuosa que margeia a costa, passa-se pela Piazza Tasso, que homenageia um dos mais ilustres filhos da cidade: o poeta Torquato Tasso, nascido no século XVI e que até hoje é motivo de orgulho entre os sorrentinos. Também vale conhecer o Claustro de São Francisco no Centro Histórico e o museu Correale di Terranova, instalado em uma mansão do século XVIII, com achados arqueológicos e obras de arte de diversas épocas.

<P>Depois, pé na estrada até a vizinha Positano, onde centenas de casas coloridas acompanham o relevo íngreme das montanhas à beira do Mediterrâneo, dispostas umas sobre as outras desde a praia até o topo dos morros. Como já é de se imaginar, a vista lá de cima é indiscutivelmente bela. Dá até para ver o arquipélago de Li Galli ou Sirenuse, que, de acordo com a epopéia de Homero, era habitado por sereias cujo canto enfeitiçava os companheiros de viagem do herói Ulisses, levando-os a se atirar ao mar. O próprio Ulisses só resistiu porque se amarrou ao mastro do navio. Também, com ou sem sereia, quem resistiria a um banho em suas águas depois de bater perna pelos bares, restaurantes e lojinhas de Positano?

<p>O mesmo vale para Amalfi, outra pérola incrustada entre os rochedos e o mar cor de esmeralda que faz a fama da costa desde mil anos atrás. A cidade foi a primeira república marinha da Itália e chegou a rivalizar com os portos de Gênova e Pisa na comercialização de mercadorias com o Oriente durante os séculos X e XI. Por meio das famosas Tábuas Amalfitanas, a cidade instituiu o primeiro Código de Direito Marítimo do mundo e se orgulha de ser a pátria de Flavio Gioia, tido como o inventor da bússola embora o instrumento já fosse utilizado por chineses há muito tempo (na verdade, ele aprimorou a criação chinesa).

<P>Outras boas opções de passeio na cidade que dá nome à costa é conferir a produção medieval de papel no vale dos Moinhos e passar a mão na cabeça dourada de Santo André no Duomo de Amalfi, do século X, que se ergue no alto de uma escadaria – dizem que dá sorte tocar na imagem do santo, cujos restos mortais repousam na cripta.

<P>Assim como na badalada ilha de Capri, a costa também abriga uma gruta em que a luz refletida na água forma uma atmosfera fantástica. Trata-se da Grotta dello Smeraldo, cujas estalagmites ao fundo revelam que, no passado, a gruta ficava fora d’água.




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