Economia Titulo
Passadas as festas, está na hora de acertar as contas
Do Diário do Grande ABC
03/01/1999 | 18:03
Compartilhar notícia


Passada a euforia das compras de fim de ano, é hora de fazer um levantamento das contas a pagar e dos pré-datados do Natal. Enfim, a virada do calendário pode ser o momento ideal para reprogramar o orçamento doméstico. Principalmente porque o ano começa marcado por incertezas no cenário macroeconômico. "O que nos preocupa é quem, a esta altura, está contraindo novas dívidas", afirma Marcos Silvestre, diretor do Forex Services, uma empresa especializada em finanças pessoais.

Silvestre explica que, na hora de (re)programar o orçamento, é importante saber quais dessas três metas se pretende atingir - ou se as três, simultaneamente: eliminar dívidas, enxugar o orçamento e acumular poupança. "Cortar dívidas é manter a segurança financeira. As pessoas acreditam que quanto mais dinheiro se tem, mais seguro se é. Mas nao é tao simples assim. É preciso subtrair tudo o que se deve a curto, médio e longo prazo", diz Silvestre, que desde janeiro de 97 já orientou 500 famílias em sua empresa, muitas com renda mensal média de R$ 2.500.

O primeiro passo para eliminar dívidas é hierarquizá-las, esclarece o consultor. O valor, diz ele, nao deixa de ser importante, mas o mais relevante é a natureza da dívida. Por exemplo, dívidas no cheque especial precisam ser eliminadas em primeiro lugar, porque têm um custo elevadíssimo, na faixa de 12% ao mês. "Nove em cada dez pessoas que nos procuram têm um volume de dívida preocupante no cheque especial, que ultrapassa a sua renda mensal", afirma.

Marcos Silvestre diz que o cheque especial reúne as várias características de uma dívida ruim: juros altos, obrigaçoes contratuais pesadas e poder de seduçao grande, já que para contraí-la nao é preciso submeter-se à aprovaçao de um cadastro. "No primeiro nível de dívidas gravíssimas, estao o cheque especial e o cartao de crédito. Em segundo lugar, o agiota e o empréstimo pessoal. Por fim, os crediários e financiamentos, que geralmente sao renegociados."

Na hora de eliminar dívidas, três objetivos sao fundamentais: a reduçao de taxas, o alongamento dos prazos e a obtençao de carência (tempo para pagar). "Nao se deve sair da primeira conversa com a renegociaçao fechada. É sempre bom avaliar as condiçoes para depois se decidir", diz Silvestre, que defende que até mesmo financiamentos de carro e imóvel devem ser revistos para aumentar a segurança financeira.

Ele lembra que é preciso fazer as contas na ponta do lápis: "Quem tem R$ 2 mil na poupança e deve mil reais no cheque especial costuma pensar que está tudo bem, porque a dívida é de apenas metade da poupança. Mas, com juros de 12% ao mês, em apenas seis meses a dívida que sobe para R$ 2.123. E lá se vai a poupança toda", explica.

Ele acrescenta que o mesmo raciocínio aplica-se a quem tem um carro avaliado em R$ 10 mil e uma dívida de R$ 5 mil. Em seis meses, a dívida deverá atingir R$ 9.869, com juros de 12% ao mês. Provavelmente, o mesmo carro vai estar valendo só R$ 9.500. Ou seja, será insuficiente para quitar o débito. O melhor é entregar o carro e investir os R$ 5 mil restantes.

É importante estar atento também na hora de enxugar o orçamento. Segundo Silvestre, cortes drásticos sao traumáticos e têm pouco efeito, pois a pessoa tende a recompor o gasto. O ideal é cortar despesas na margem. Por exemplo, em vez de eliminar radicalmente a ida semanal ao cabeleireiro, é mais fácil fazer esse gasto quinzenalmente. A economia é grande: quem gasta R$ 20 na ida ao salao, diminui a despesa anual de R$ 960 para R$ 480.

O diretor do Forex lembra que, em janeiro, há a sobrecarga com contas que devem ser consideradas desde já, como IPTU, IPVA e, em alguns casos, até seguro do carro, além da escola das crianças. Este ano, ele destaca uma despesa extra: o aumento dos combustíveis, que devem subir os gastos mensais em 5%.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;