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Vendas das pequenas empresas no 1º semestre têm maior queda da história

Tombo de 14,5% é pior que o registrado no auge da crise, em 2009

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
16/08/2016 | 07:18
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As vendas das MPEs (Micro e Pequenas Empresas) do Grande ABC registraram a maior queda da história durante o primeiro semestre deste ano. O tombo de 14,5% no faturamento de janeiro a junho, que resultou em receitas de R$ 13,2 bilhões, significou prejuízo de R$ 2,2 bilhões na comparação com o mesmo período em 2015. A pesquisa do Sebrae-SP é realizada desde 1999.

Para se ter ideia do que os números significam, durante o ápice da crise econômica, nos primeiros seis meses de 2009, as MPEs da região faturaram R$ 14,2 bilhões, e apresentaram queda de 14,1% ante igual intervalo de 2008. Mesmo assim, as receitas superaram em R$ 1 bilhão o montante contabilizado no semestre deste ano.

À época, havia incentivo fiscal do governo, a isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para o setor automotivo, que se estendeu a outros segmentos, como eletrodomésticos, móveis e construção civil, o que gerou estímulo ao consumo mesmo em meio à turbulência.

A queda de 14,5% nas vendas das MPEs do Grande ABC também foi o pior resultado do Estado de São Paulo. Na média, as firmas paulistas faturaram R$ 275,3 bilhões no primeiro semestre, queda de 13,2% ante o mesmo período do ano passado. Foi o pior desempenho desde 2002, quando a queda atingiu 17,9%. O total faturado é ligeiramente maior do que o obtido em 2009.

“Isso é reflexo direto do maior enfraquecimento do mercado de trabalho. Com mais demissões ou ameaça de perda de emprego, e com a confiança na economia em níveis históricos muito baixos, o empresário não investe e o consumo cai muito. E o consumo é fundamental para as MPEs, que dependem essencialmente do mercado interno”, analisa Letícia Aguiar, consultora do Sebrae-SP.

Letícia aponta que as MPEs da região sentem mais a crise devido ao maior reflexo da crise na indústria que, por comercializar bens de consumo de maior valor, sofrem com forte redução na demanda decorrente do adiamento da compra. Assim, além de reduzir seus pedidos às empresas menores, que vendem aos sistemistas, que, por sua vez, alimentam as montadoras, ainda geram demissões, o que afeta a movimentação dos setores de serviços e comércio.

Embora em junho as vendas tenham esboçado reação, com alta de 1,7% ante maio, ou seja, R$ 39,5 milhões a mais na receita de R$ 2,3 bilhões, a consultora diz que isso pode ter sido pontual, devido ao frio intenso do mês, que movimentou a procura por roupas e aquecedores. “Pode ser que isso não se repita em julho. Até porque a média de faturamento por empresa em junho e maio foi muito parecida. Acho que a retomada só virá em 2017.” 




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