Economia Titulo Fabricante de bancos
Keiper tentará renegociar com Volks
Paula Oliveira
Especial para o Diário
13/08/2016 | 07:26
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Funcionários da Keiper Metalls do Brasil se reuniram ontem em mesa-redonda, na DRT (Diretoria Regional do Trabalho), em Santo André, com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, advogados e o gerente regional do Trabalho e Emprego de Santo André, Helcio Cecchetto Filho, para discutir solução ao drama da fabricante de bancos automotivos de Mauá. A empresa tem 85% de sua receita proveniente da Volkswagen, que no dia 5 rescindiu o contrato devido ao atraso no fornecimento dos produtos, e entrega em volumes menores que o acordado.

Segundo o diretor de Recursos humanos da Keiper, Lair Santos, há um ano a fabricante tenta negociar com a montadora, porém, nos últimos três meses foram mais a fundo na proposta, a fim de reajustar os valores pagos pelos bancos. “Nos últimos anos, já trabalhamos com prejuízos, com dificuldade de comprar matéria-prima, até que tivemos que optar por quem pagar, se os funcionários ou os fornecedores.”

Durante a reunião na DRT, o secretário-geral do sindicato, Sivaldo Silva Pereira, o Espirro, e Cecchetto Filho apresentaram alternativa para a Keiper. “Para tentar a retomada do contrato vale a pena buscar a Volkswagen e apresentar as propostas da Keiper e do sindicato, explicar a situação e assumir os erros e um novo compromisso”, explica Espirro.

Na semana que vem, representantes da fabricante de bancos irão entregar à Volks, junto com o gerente regional do Trabalho e Emprego, carta solicitando conversa.

Por enquanto, a Keiper não deve demitir nenhum funcionário, até que se consiga resposta final da montadora. Seus cerca de 400 trabalhadores continuarão em licença remunerada – eles estão afastados há duas semanas. Porém, a empresa segue preocupada com o anúncio da rescisão do contrato. Se não houver novo acordo, reconhece que poderá falir, e os funcionários correm o risco de não receber seus direitos trabalhistas. A Fameq, que produz componentes para bancos em São Paulo, e pertence à Keiper, demitiu 30 operários e, devido a dificuldades financeiras, já que enfrenta processo de recuperação judicial, não os indenizou. “Infelizmente a empresa corre o risco de fechar, já que cerca de 85% da receita dela provém da Volkswagen. Precisamos agora aguardar definição, mas a expectativa é que os negócios sejam retomados e voltemos a fornecer a eles”, diz Santos.

Enquanto isso, a Volks concedeu férias coletivas de 20 dias ao seu chão de fábrica, composto por 5.000 pessoas, a partir de segunda-feira, devido à falta de bancos automotivos. A firma diz que está desenvolvendo contato com novos fornecedores.

TENSÃO - O soldador Fabiano Caetano, 29 anos, também tem a esperança que seja feito acordo amigável com a Volks. “Eu creio que a empresa vai atender a gente, até por conta da nossa experiência. Se o pior acontecer ficará muito difícil, pois eu pago prestação de carro e aluguel. O que é ainda pior se pensarmos nas famílias que têm filhos. Está todo mundo desesperado”, desabafa.

“Se não tiver acordo, eu terei que rever todos os meus gastos. Tenho filho em escola particular e, em meio à crise, teria que procurar nova fonte de renda”, conta o ferramenteiro Gilberto Gil de Oliveira, 46. 




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