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Mais uma vez, protesto pede CPI da Merenda em Mauá

Parlamentares aprovaram requerimento
pedindo informações sobre contrato superfaturado

Vitória Rocha
Especial para o Diário
10/08/2016 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Pela segunda semana seguida, sessão da Câmara de Mauá foi marcada por protestos pedindo abertura da CPI da Merenda para investigar superfaturamento de contratos de compra de diversos alimentos, em especial a almôndega. Com resistência sobre abertura do inquérito, vereadores aprovaram ontem por unanimidade requerimento do governista Gil Miranda (PRB), que pede mais informações ao Executivo sobre o caso.

A Companhia de Teatro do Lixo foi a autora de mais uma manifestação contra o valor acima do mercado pago pela administração Donisete Braga (PT) à BH Foods Comércio e Indústria na compra de almôndegas para a merenda escolar. O governo adquiriu o alimento por R$ 20 o quilo pelo acordo firmado com a empresa no ano passado, ante os R$ 10,30 pela administração sete meses antes depositados à Boscatti Indústria e Comércio Ltda. O episódio é investigado pelo Ministério Público.

Em julho, o grupo de teatro já havia realizado ato no centro comercial da cidade cobrando explicações da Prefeitura e chegou a distribuir almôndegas. Eles disseram ter pago R$ 10 o quilo da comida.

Ontem, trajando preto e segurando uma bandeira da mesma cor, cinco atores se disseram as “viúvas da almôndega”. “A gente acha que estão jogando um pano preto em cima de algo que deve ser averiguado. Na entrada, inclusive, fomos barrados: não nos deixaram trazer nossos apetrechos e tivemos de deixá-los no carro para poder entrar”, reclamou Valter Carriel, diretor da companhia.

A manifestação, no entanto, se mesclou a mais dois atos que ocorriam simultaneamente: o da Juventude do PT, sigla do prefeito, que pedia o combate à violência contra mulher, e de outro bloco difuso, que exigia o fim do assédio contra as mulheres e a CPI da Sama (Saneamento Básico de Mauá), em referência ao rival de Donisete, o deputado estadual Atila Jacomussi (PSB), ex-superintendente da autarquia. Comentários na Casa indicavam que esses grupos foram enviados a mando do governo. Eles se recusaram a falar com a equipe do Diário, que foi hostilizada no local.

Em meio a gritos e bate-boca entre as alas e os vereadores, a sessão seguiu conturbada, com falas de parlamentares interrompidas e muito barulho. Nos bastidores, políticos chegaram a acusar os grupos de receber dinheiro para desviar o foco da sessão e causar tumulto. No meio da sessão, os parlamentares pediram suspensão para debater possibilidade de abertura de CPI da Merenda. Voltaram com um acordo – todos aprovariam o requerimento de Gil Miranda e deixariam a CPI para um segundo momento.

“Vamos esperar a resposta do Ministério Público e temos os requerimentos do Gil Miranda. Quando as respostas vierem, a gente decide se abre ou não”, disse Betinho da Dragões (PR), discurso endossado pelo oposicionista Edgar Grecco (PSDB). “O MP está avaliando e não temos voto para abrir CPI, mas esperamos que o MP aja com decência, como sempre”, afirmou Grecco. A equipe do Diário fez um levantamento informal sobre os defensores da CPI e nenhum vereador se colocou favoravelmente, inclusive os da oposição.

Presidente da Câmara, Marcelo de Oliveira (PT) foi outro a dizer que vai aguardar análise da Promotoria de Mauá. “Quando a gente faz alguma investigação, mandamos para o MP, mas já está lá sendo investigado. Então, (o requerimento) é para termos a informação mesmo.” 




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