Três derrotas seguidas, atuações abaixo do esperado e, de quebra, o próximo desafio é justamente diante do líder absoluto e único invicto da Série A-2 do Campeonato Paulista. Tudo conspira contra o Santo André, mas a contratação do técnico Ruy Scarpino - que substitui Geime Rotta, agora técnico do São Carlos - renovou o ânimo dos jogadores, que prometem desbancar o Red Bull, hoje, às 15h, no Estádio Anacleto Campanella, em São Caetano - o Bruno Daniel continua interditado pela Prefeitura.

Ontem, na última atividade antes da partida, Scarpino treinou exaustivamente as bolas paradas, que parecem ser a solução para surpreender o time campineiro. O responsável pelas cobranças é Raul Diogo, lateral-esquerdo, mas que será improvisado como volante, no lugar do suspenso Fábio Baiano. "Atualmente as cobranças de faltas decidem muitos jogos, não só no Brasil, mas no mundo todo. Treinamos bastante e espero que dê resultado no jogo", comentou o jogador.

Essa será uma das mudanças feitas por Scarpino em relação ao time que vinha jogando. A outra é na defesa, na qual Tyrone Power ganhou a vaga de Daniel Gigante. No ataque, Willian Xavier assume o lugar de Fábio Santos, suspenso. Na meia, sem Sérgio Mota, Djalma e Rodrigo, machucados, a opção do treinador foi por Cléssio, que não fez bom treino, mas tem a confiança do técnico. "Ainda estou conhecendo o grupo e aos poucos fazendo as modificações. Estou confiante em boa partida", declarou Scarpino.

O fato de enfrentar o líder é visto com bons olhos pelo comandante. "Se vencermos vamos ganhar muita confiança para os próximos jogos. Não será fácil, muito pelo contrário, o Red Bull é muito forte, mas temos de confiar em nosso potencial, valorizar a posse de bola e fazer nosso jogo. O grupo do Santo André é forte e vamos dar a resposta dentro de campo", prometeu Scarpino.

Quem também aposta em bom jogo do Ramalhão é o zagueiro e capitão Júnior Paulista. "Independentemente do adversário, o Santo André sempre tem de se impor, pelo peso de sua camisa, tradição e pela força do elenco. Claro que respeitamos o Red Bull e a campanha que eles têm feito, mas tenho certeza de que faremos boa partida", projetou.

Coincidências embalam Renato Dias

Superstição não entra em campo, mas fato curioso chama atenção no que diz respeito ao atacante Renato Dias. O jogador marcou apenas três gols nas oito rodadas da Série A-2 do Paulista, mas sempre que balançou a rede o Santo André saiu de campo com a vitória - Palmeiras B (2 a 1), Monte Zul (3 a 0) e Santacruzense (1 a 0). Hoje, diante do Red Bull, sem a presença do artilheiro do time, Fábio Santos (quatro gols), ele é, ao lado de Willian Xavier, a grande esperança de gols.

Cético, Renato Dias prefere confiar no desempenho coletivo. "Não dá para ficar apostando em números, temos de jogar e mostrar nossa força. Nem eu nem ninguém faz nada sozinho, um depende do outro para que o time saia de campo com os três pontos", comentou o atacante.

Com as mudanças promovidas pelo técnico Ruy Scarpino na equipe, o jogador terá função diferente da habitual contra o Red Bull. "Sem o Fábio (Santos) muda um pouco a minha forma de jogar, porque o Willian Xavier é jogador que fica mais fixo dentro da área, então tenho de cair pelos lados para criar as jogadas. Mas vou ter a ajuda do Cléssio e espero conseguir produzir bons lances para ajudar a tirar o Santo André desta situação incômoda", comentou Renato Dias.

O jogador é mais um que aposta em vitória sobre o líder para ressurgir na competição. "Este é um jogo que pode ser encarado de duas maneiras. A primeira é encarar uma equipe que vem embalada, lidera a competição e ainda não perdeu, mas o outro é poder se reabilitar justamente sobre um grande time, o que aumenta a confiança do grupo. O Santo André é forte e vai precisar passar por todos os adversários para chegar ao acesso, então não temos de temer ninguém", ressaltou.

Risco de lesão assombra time campineiro

O principal obstáculo enfrentado pelo Santo André no início da temporada é o mesmo fantasma que assombra o Red Bull: as contusões. Com jogos a cada três dias, o técnico Sérgio Guedes teme perder jogadores importantes para a reta final da competição.

"É desumano jogar a cada três dias como tem sido. O desgaste é forte e não temos tempo para recuperar os jogadores. O jeito é tentar dosar a intensidade nos treinamentos e contar com a tecnologia para medir a fadiga muscular e tirar um jogador de combate se o risco de lesão for grande", comentou Sérgio Guedes.

O treinador não gostou do desempenho do time no empate em 1 a 1 com o Monte Azul sábado e, apesar de os campineiros seguirem na liderança da Série A-2 com 22 pontos (cinco de vantagem para o vice-líder), ter o melhor ataque e a melhor defesa da competição, ele espera melhor desempenho hoje.

"As equipes que não acertaram no começo do campeonato estão se reforçando com nomes, nós temos de nos renovar com ação, com movimentação diferente e, possivelmente, com mudanças de peças para manter o espírito. Quanto mais perto do final chegarmos maior será a dificuldade. Temos de ser altamente competitivos", analisou o treinador.

Em campo, o principal nome do Red Bull é o atacante Leandro Love, 26 anos, que ganhou apelido por usar cabelo parecido com o de Vágner Love, do Flamengo. Revelado pelo Rio Preto, o jogador acumula passagem pela Portuguesa e vem brilhando na Série A-2, na qual marcou seis gols e ocupa a vice-artilharia, um a menos que Caio, do Palmeiras B. Outro jogador do Red Bull que preocupa a defesa do Santo André é o experiente meia Baiano, especialista em cobranças de faltas.