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Mulheres diversificam negócios na região
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
07/03/2011 | 07:30
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Celso Luiz/DGABC


Lidar com engenheiros, orçamentos de obras e materiais de construção parece uma rotina masculina, mas a andreense Baby Marins está nesse ambiente desde criança. Aos 16 anos ela pediu demissão da empresa do pai para seguir o próprio caminho.

A ousadia foi bem sucedida, tanto que ela é a única empresária de atacado de materiais do País. Na região, a história de Baby é similar a de muitas mulheres. O escritório regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa) no Grande ABC aponta que 40,5% dos empreendedores que buscaram consultoria neste ano são do sexo feminino.

Segundo a gerente regional da entidade, Josephina Irene Cardelli, o público que procura informações para investir em negócio próprio está equilibrado no Grande ABC. "Creio que o número de mulheres empreendedoras vai ultrapassar o de homens em breve", afirma.

Entre janeiro e fevereiro de 2010, elas respondiam por apenas 26% dos auxílios prestados pelos consultores do Sebrae. O importante é que o empreendedorismo feminino avança também em setores tradicionalmente masculinos como metalmecânico, moveleiro, construção e tecnologia.

Para montar seu atacado de materiais para construção, Baby tomou emprestado o nome do marido de sua cabeleireira por dois anos. "Sempre tive dificuldade na área, principalmente por que era muito nova. Era representante de fabricante de cal e dava palestras para engenheiros e pedreiros. Todos me olhavam torto", lembra a empresária, que declara ter conquistado o respeito dos colegas de setor.

Quinze anos depois, a pujança da construção civil impulsiona o faturamento do atacado Super ABC, que em 2010 ultrapassou em quatro vezes a meta prevista. O valor não é revelado por Baby, que nas próximas semanas mudará do depósito de 500 m² para um local quatro vezes maior.

Para a gerente regional do Sebrae, as mulheres têm visão mais detalhista do negócio. Também costumam planejar mais as ações do que os homens. "Entre os microempreendedores individuais o sexo feminino é predominante", ressalta.

MUDANÇA - Comandar a função de 200 funcionários, na maioria homens, e mantê-los motivados é a tarefa da administradora da padaria Bella Vitória, Maria Queiróz. Depois de 12 anos trabalhando em banco, ela resolveu assumir as finanças da empresa do marido Fortunato José de Queiróz.

"Preciso buscar novidades para oferecer aos clientes. A ideia mais recente foi vender marmitex em uma das unidades. Está dando muito certo", detalha Maria. Outras iniciativas para diversificar o negócio foram self-service com sobremesa e pizza.

A diretora da marca de roupas Fiescot, Selma Monteiro Cobra, lembra que o importante para as mulheres que estão no comando é não perder a sensibilidade. "Creio que a primeira mulher presidente do País vai inspirar muitas outras a buscarem seus objetivos".

Mãe e filha investem no segmento automotivo

Poucos homens e mulheres conhecem peças e acessórios como tambor de freio, bandeja, contra pino e mola espiral, mas a sócia da Molas Padroeira, Meire Ciarleglio conhece bem a utilidade desses objetos. Meire teve o primeiro contato com o serviço de reparo e suspensão de veículos aos 12 anos. Hoje, aos 56, ela, o esposo e o irmão comandam a empresa fundada pelo pai em 1954. Com duas vendedoras na equipe, a empresária afirma que elas se destacam perante os homens, pois vendem mais e têm sensibilidade para atender os clientes.

A filha Isabelle seguiu os passos da mãe e trabalha com o marido no ramo de películas automotivas com a Projeto In. Ela comanda equipe de 69 homens. "No início sofria resistência dos gerentes de oficina, mas com profissionalismo mudei o cenário." 

Acisa tem grupo específico para auxiliar o sexo feminino

Formado em abril de 2008 com o objetivo de que as mulheres empresárias da região também tivessem atuação política, o Núcleo de Mulheres Empreendedoras da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André) nasceu na gestão de Wilson Ambrósio da Silva.

"O objetivo é trabalhar o empreendedorismo da mulher no mundo dos negócios. Hoje, são 25 mulheres ativas nas reuniões do grupo", explica Renata Reno, coordenadora do núcleo e sócia da Ótica Estrela.

O núcleo já participou de diversas capacitações do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa) e da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), e serve até de modelo para associações comerciais de outras cidades, que buscam trocam experiências.

Neste ano, os planos são fazer a primeira rodada de negócios apenas com mulheres, que deverá acontecer em setembro. A intenção também é realizar uma palestra com a presidente do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano.




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