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Culto à criança gordinha gera adultos obesos, diz pediatra
Do Diário do Grande ABC
28/06/1999 | 17:43
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A relaçao mae-bebê é a maior responsável pelos futuros adolescentes e adultos obesos, alertou a pediatra Esther Laundanna, na 1ª Jornada Médica de Nutriçao e Obesidade de Piracicaba, neste final de semana na sede regional da Associaçao Paulista de Medicina. O bebê gordinho, que come a toda hora, é uma criança calma e sorridente, que deixa a mae feliz e sem sentimento de culpa, mas este gordinho paparicado pelos adultos vai começar a sofrer depois dos 10 ou 12 anos, quando se verá isolado do grupo e advertido pela família sempre que se aproximar da geladeira.

De acordo com a médica Esther Laudanna, que assessora a Fundaçao de Gastroenterologia e Nutriçao de Sao Paulo (Fugesp) para nutriçao e obesidade infantil, a alimentaçao, em muitos casos, acaba empobrecendo a relaçao mae e filho. A obesidade infantil nao passa com o crescimento da criança e a família vai precisar de orientaçao médica e nutricional, afirmou. O encontro foi promovido pela Fugesp com apoio da Sanavita, empresa que se dedica ao estudo e produçao de alimentos funcionais.

Segundo a Associaçao Dietética norte-americana, 15% das crianças dos Estados Unidos sao obesas ou têm sobrepeso. Uma pesquisa feita em Sao Paulo encontrou 25% das crianças entre 10 e 12 anos com excesso de peso.

Supergordos - A obesidade mórbida, um problema de saúde que atinge cerca de 3% da populaçao brasileira, foi discutido no encontro. No Brasil, sao cerca de 4,5 milhoes de supergordos, pessoas com mais de 150 quilos. A maioria delas apresenta mais de três doenças associadas, principalmente diabetes e cardiopatias. Muitas precisam dormir sentadas, respiram com dificuldade e nao conseguem se locomover.

A cirurgia de reduçao do estômago é a única soluçao para muitas dessas pessoas. A fila de espera para essa operaçao, no Hospital das Clínicas, em Sao Paulo, é de mais de quatro anos. Apenas mil cirurgias desse tipo foram feitas no Brasil até agora. E o número de centros que fazem a operaçao nao chega a 30."Nosso trabalho é divulgar e ensinar novos cirurgioes, de outros centros, para que possam fazer essas cirurgias", disse o professor Arthur Garrido, da Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo e o maior especialista nesse tipo de cirurgia no país.

Há alguns anos os obesos tinham o intestino reduzido cirurgicamente, atualmente é feita uma diminuiçao importante do tamanho do estômago. Com o emprego de suturas e de grampeamento, o tamanho do estômago foi reduzido de 1.500 mililitros para 200 mililitros. A pessoa tem de comer menos de sete vezes o que comia antes e nao pode ingerir mais de 200 gramas por refeiçao. Os pacientes chegam a perder até 40% do seu peso inicial depois de um ano.

Segundo o professor Garrido, a cirurgia é indicada para quem tem 45 quilos ou mais acima do peso normal, já tenha tentado tratamentos clínicos e nao apresente quadro de alto risco. Entre os grupos que a equipe de Garrido está acompanhando está o do Hospital dos Plantadores de Cana de Piracicaba, que já fez 22 cirurgias de reduçao do estômago. Nos EUA, estima-se que o total de obesos mórbidos chegue a 10 milhoes.

"A obesidade, que pode levar à obesidade mórbida, é o grande desafio deste final de século e do milênio que começa", disse o professor Antonio Laudanna, titular de gastroenterologia da USP, presidente da Fugesp e coordenador da jornada de Piracicaba. Do encontro também participou Joel Faintuch, professor da Faculdade de Medicina da USP e um dos pioneiros na introduçao da alimentaçao parenteral no Brasil.

Câncer - Jocelem Mastrodi Salgado, especialista em alimentos funcionais e conhecida como a criadora da "dieta da USP", falou sobre "nutriçao e obesidade". Jocelem é professora titular de nutriçao humana da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, de Piracicaba. Sua tese, defendida por centros médicos da Europa, Japao e EUA, é a de que os alimentos têm funçao muito importante na prevençao e mesmo no controle de doenças. Segundo ela, os últimos estudos mostram que muitos tipos de câncer podem permanecer latentes por 20 ou 30 anos. O consumo de determinados alimentos - conhecidos como funcionais - poderiam retardar ou até mesmo impedir a manifestaçao da doença.




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