A graça pode ser obtida em proveito próprio ou transferida a entes falecidos. Mas, para tanto, é preciso cumprir algumas condições, como visitar o túmulo do apóstolo na Catedral de Santiago, fazer uma oração em intenção ao Papa, receber os sacramentos da penitência e da comunhão e, de preferência, assistir à celebração da Eucaristia.
Considerada a terceira cidade Santa do mundo cristão, depois das rotas de Jerusalém (Israel) e de Roma (Itália), Santiago de Compostela deverá receber mais de 1,5 milhão de visitantes este ano, especialmente no próximo dia 25. Desde a instituição do Ano Santo em 1122 – quando Calixto II, grande benfeitor da igreja compostelana, acrescentou a graça à Bula Papal, privilégio mais tarde confirmado por Alejandro III –, foram registrados 117 anos santos compostelanos.
A chamada Porta Santa, situada atrás da Catedral, na praça da Quintana, foi aberta aos peregrinos no último dia 31 de dezembro, durante uma cerimônia em que o arcebispo de Santiago derrubou com três golpes um pequeno muro de pedras que mantinha o portal fechado. Ela permanecerá aberta até o último dia de 2004. Depois, só daqui a seis anos.
Mas, pecados à parte, Santiago merece uma visita a qualquer ano, seja ele jacobeu ou não. Afinal, para muitos, a chegada à catedral nem é o mais importante frente às vivências e reveladoras descobertas que se faz no decorrer do percurso. Isso sem falar nas belíssimas paisagens de cidades como Pamplona, Puente La Reina, Burgos, León e Ponferrada, entre tantas outras que, juntas, formam um magnífico conjunto de montanhas, castelos medievais, casas milenares, praias, dezenas de igrejas e mosteiros, alguns deles erguidos há mais de 15 séculos. No vilarejo de Cebreiro, por exemplo, além de palhoças de pedra construídas pelos celtas 3 mil anos atrás, há uma igreja pré-românica que guarda o Santo Graal, cálice em que teria sido depositado o sangue de Cristo. A vila fica no alto de uma montanha, 152 km a leste de Santiago.
Outro destaque é o acervo arquitetônico que se contempla na chegada a Santiago, declarado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) como Patrimônio da Humanidade. Os dois monumentos mais significativos ficam na praça do Obradoiro, onde encontram-se o Hotel dos Reis Católicos – um dos mais luxuosos da Europa – e a almejada Catedral de Santiago, ponto final do percurso oficial, onde um pórtico com 200 esculturas românicas do século XII dá as boas-vindas aos peregrinos. Entre elas, a estátua dourada do santo e, sob o altar, a pequena cripta onde estariam os seus restos mortais.
Já ao cair da noite, os badalados pubs, danceterias e bares com mesinhas nas calçadas lotam de jovens, mostrando que nem todo peregrino é, necessariamente, um santo.
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