O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, condiciona a volta do crescimento da economia à uma queda “sustentável” da inflação. “Antes da inflação cair, acho difícil que tenhamos uma retomada sustentável da economia”, afirmou Meirelles, que voltou a garantir que a economia real irá “sentir” os resultados a euforia do mercado financeiro. “O mercado financeiro sempre antecipa uma melhora na economia real. Isso já ocorreu quando, em 1999, o mercado antecipou o crescimento da economia no ano de 2000”, explicou o presidente do BC.

Para ele, o segredo para que a economia real comece a colher os frutos do bom momento vivido pelo mercado financeiro é o controle da inflação. “A inflação terá de dar sinais de queda importante, o que não seria uma questão de um mês ou dois, para que, aí sim, a economia possa voltar a crescer novamente sem pressão inflacionária”, afirmou.

Mas um fator que pode influenciar o Brasil de forma negativa é a falta de crescimento da economia internacional. “Somos parte da economia global. Quanto mais o cenário for positivo, mais cresceremos. Se o cenário internacional for ruim, nosso crescimento também será menor”, disse Meirelles, que acredita que a previsão de crescimento de 2% da economia brasileira em 2003 é “compatível” com o desempenho dos Estados Unidos.

Sobre uma eventual mudança nas taxas de juros e a decisão que será tomada pelo Copom na próxima semana, Meirelles se limitou a dizer que o Comitê fará uma análise “bastante criteriosa” e que incluirá diversos fatores, entre eles índices de preços, de estoques e de nível de atividade. “O Copom não olha para elementos específicos, mas sim faz uma análise balanceada”, afirmou.