Economia Titulo
Exportações da região
registram queda de 3,25%
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
14/12/2010 | 08:15
Compartilhar notícia


Depois de quatro meses seguidos de alta, as exportações das empresas do Grande ABC voltaram a cair. O faturamento de US$ 580,9 milhões obtido com as encomendas da região ao Exterior em novembro foi 3,25% menor que o registrado no mês anterior, de acordo com dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Analistas ouvidos pelo Diário ressalvam que o movimento de um mês pode ser algo pontual e não caracteriza tendência de retração, mas também há a avaliação de que a reação das vendas ao mercado internacional tem patinado. Isso porque os números da região ainda estão aquém de antes do estouro da crise financeira mundial.

No acumulado dos 11 meses do ano (receita de US$ 5,5 bilhões), há crescimento de 36% frente a igual período de 2009. Com isso, as encomendas já estão acima do registado em todo o ano passado (US$ 4,6 bilhões), mas devem fechar 2010 abaixo dos US$ 6,7 bilhões de 2008.

O economista Dalmir Ribeiro, do departamento de indicadores econômicos da Prefeitura de Santo André, observa que a base de comparação com 2009 é fraca. Além disso, ele cita que a taxa de câmbio (com o real valorizado frente ao dólar) tem tornado mais difícil as exportações de manufaturados e favorece a importação de peças e máquinas, itens que contam com grande número de fabricantes na região.

IMPORTAÇÕES - Enquanto as vendas ao Exterior cresceram 36%, as aquisições de produtos de outros países tiveram expansão mais forte, de 42,75%, de janeiro a novembro frente a igual período de 2009. No mês a mês, os itens importados, com exceção de queda em outubro, vêm em alta desde maio.

O coordenador do curso de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Francisco Funcia, destaca que isso não é necessariamente ruim. "É preciso olhar a pauta de importações, se houver presença importante de máquinas e insumos, agrega competitividade à indústria nacional. Já uma pauta de carregada de bens de consumo é preocupante", afirma.

No entanto, dados da balança comercial da região trazem motivos para preocupação, na avaliação do diretor adjunto da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, Donizete Duarte da Silva. No município, entre os itens que lideram a pauta de importação estão máquinas para terraplanagem, brinquedos e autopeças. "Há perda de competitividade da indústria local, que passa a importar em vez de produzir", diz.

São Bernardo mantém liderança nas vendas ao Exterior

Em termos de valor exportado, São Bernardo se mantém na liderança disparada, entre os sete municípios, com o total de US$ 3,6 bilhões de janeiro a novembro.

Isso graças à presença das montadoras de veículos, que viram recuperação nas encomendas, sobretudo, de chassis de ônibus (crescimento de 54%), caminhões (216%) e automóveis médios (5%).

Entretanto, em termos percentuais, São Caetano lidera, com expansão de 69% nas vendas a outros países. Segundo o diretor titular da regional do Ciesp de São Caetano, William Pesinato, houve melhora, mas é preciso ressalvar que no início de 2009, as exportações da cidade, praticamente dominadas pela General Motors, sofreram forte baque, com quase paralisação na demanda internacional por automóveis.

Como destaque negativo, Diadema se mantém com queda no faturamento obtido com negócios no Exterior. Para o diretor adjunto da regional do Ciesp de Diadema, Donizete Duarte, as fabricantes do município cada vez mais perdem competitividade frente aos produtos importados. "Diadema é uma amostra do cenário nacional. Na década de 1980, a indústria brasileira contribuía com 27% do PIB (Produto Interno Bruto), hoje representa apenas 15%", afirma.

CÂMBIO - O real valorizado contribuiu para que crescesse, em São Bernardo, a importação de autopeças e também veículos. Caixa de marcha é o item mais adquirido pelas empresas do município, com crescimento de 68% de janeiro a novembro. No entanto, as compras de automóveis médios aumentaram 46% e vêm na segunda posição na cidade.

 Números mostram recuperação da demanda

O aumento das exportações do Grande ABC, no acumulado do ano, se dá sobretudo pela recuperação da demanda em países da América Latina. As encomendas de São Bernardo para a Argentina, por exemplo, cresceram 60% neste ano. Esse país responde por 40% do valor vendido ao Exterior pelas empresas desse município.

Na segunda posição entre os principais destinos dos produtos da cidade está o Chile - nesse caso, o incremento foi de 128% no faturamento obtido. Em terceiro, está o México, com alta de 17%.

Em São Caetano, o mercado argentino é ainda mais importante. Neste ano, até novembro, respondeu por 91% da receita obtida pelas companhias exportadoras da cidade. Em valores, as encomendas são-caetanenses para lá aumentaram 79% nos 11 meses do ano frente a igual período de 2009.

No caso de Santo André, os Estados Unidos são o principal destino (23% de participação do total), mas do segundo ao quinto colocado nesse ranking estão países da América Latina.

Por sua vez, não é apenas a importação de produtos asiáticos que tem crescido. Itens de países como Alemanha, Japão, Estados Unidos e Itália também vêm ganhando espaço na região.

Segundo especialistas, em meio a um cenário em que o consumo nos países desenvolvidos ainda não se recuperou da crise e as indústrias desses mercados têm alto nível de capacidade ociosa, cresce a busca por áreas com demanda aquecida, como o Brasil. Um exemplo: a China ampliou vendas para São Caetano em 107% neste ano, mas esse país está em 7º no ranking de origem de importação. Produtos dos Estados Unidos lideram na cidade, com crescimento de 110% frente a 2009.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;