Uma nave espacial num parque de diversoes de Moscou, esquecida por investidores e turistas, é tudo o que resta do ambicioso projeto russo Buran, abandonado por falta de fundos ao se extinguir a Uniao Soviética. Lançada sem tripulaçao a 15 de novembro de 1988 do cosmódromo de Baikonur (Cazaquistao), uma nave Buran deu duas voltas à Terra e aterrissou com êxito três horas depois. Este primeiro vôo foi também o último.

Mikhail Gorbachov, presidente soviético na época, nem sequer assistiu ao lançamento, preparado durante 12 anos. O programa foi definitivamente abandonado no início dos anos 90.

Buran podia transportar uma carga de 30 toneladas. Como o transportador espacial americano, estava destinada a pôr em órbita satélites. Nave de 36 metros de comprimento por 24 de largura e 105 toneladas, poderia receber a bordo até dez pessoas durante 30 dias. No âmbito do projeto foram fabricadas dez naves, embora só uma para viajar ao espaço. As outras testariam os sistemas de Buran.

Há uns anos, uma destas naves de treinamento foi levada a Moscou de Baikonur, comprada por uma empresa privada e instalada em um parque de diversoes da capital. A nave foi transformada em um simulador de vôo, instalando-se na mesma 30 poltronas móveis destinados a dar a impressao da ausência de gravidade, e uma tela de cinema na qual se projetam imagens do único lançamento da Buran.

"Em breve, os turistas que visitarem Moscou terao que fazer três visitas obrigatórias: o Kremlin, o Bolshoi e a Buran", afirmou em 1996 Semion Lvov, um dos organizadores. Hoje a atraçao é pouco rentável. "Cada ano temos menos visitantes", lamenta o diretor da Kosmopark, encarregada da exploraçao comercial da nave, Aramais Martirossián.

Foram suprimidas as comidas "espaciais", idênticas às consumidas pelos cosmonautas da Mir, que antes eram distribuídas na nave, e o vôo, que antes durava 40 minutos, dura agora somente 20.

Para atrair os investidores, Kosmopark anunciou recentemente pela Internet a venda da Buran por US$ 3 milhoes. "Foi apenas um truque publicitário. Na realidade, nao podemos vender a Buran porque é propriedade do Estado", explicou Matirossián.