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Badan Palhares é afastado da Unicamp
Do Diário do Grande ABC
28/11/1999 | 20:57
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A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) divulgou, na sexta-feira, uma nota oficial comunicando o afastamento do legista Fortunato Badan Palhares da Presidência do seu Comitê de Ética em Pesquisa. Segundo o comunicado, apesar de ser suspeito de prática de irregularidades também na Unicamp, o médico, que havia deposto à Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico um dia antes, teria ele próprio pedido sua licença, a segunda no ano. A primeira foi durante a reabertura das investigaçoes sobre a morte de Paulo César Farias, cujo laudo oficial era de sua autoria.

Na sexta-feira, Badan teria sido internado na Casa de Saúde de Campinas, para tratar de uma crise renal. O hospital, no entanto, nega que ele tenha dado entrada em suas instalaçoes. Sua advogada, Tereza Dóro, disse na sexta que, provavelmente, ele teria que retirar uma pedra do seu rim. Durante seu depoimento à CPI, Badan tomou vários analgésicos e sedativos para conter supostas dores provocadas pelo cálculo renal. ``Nao me lembro o que disse. Estou tao sonado e dopado...', teria dito ao final das 12 horas de seu depoimento.

A CPI, Badan afirmou ter esquecido de incluir a altura de Suzano Marcolino - namorada de PC Farias que foi morta junto com o ex-tesoureiro de Fernando Collor em 96 - no laudo pericial. O caso foi reaberto depois que se descobriu que PC era mais alto que Suzana, ao contrário do que constava no laudo de Badan. Ele também disse ter desconsiderado a posiçao da arma quando estudava a morte do vice-governador eleito da Paraíba Raymundo Asfora, em 87. O laudo do legista atestou suicídio, enquanto a Justiça considerou o caso um assassinato.

O legista também justificou nao ter pedido o exame de DNA para identificaçao do corpo de José Antônio Penha Brito Junior em 87 para nao onerar demais a família do garoto. Junior era filho de um gerente do Banco do Brasil que se negou a dar um empréstimo ao entao deputado federal José Gerardo (mais tarde, cassado), no Maranhao. O dentista do menino, contrariando outro laudo de Badan, confirmou que o corpo era de Junior.

Badan é suspeito de ter falsificado laudos periciais e modificado pareceres em benefício de membros do crime organizado. O presidente da CPI, Magno Malta (PTB-ES), declarou que já existem evidências suficientes para indiciar o médico. Na Unicamp, Badan também é investigado por suspeita de apropriaçao indébita de um artigo científico, cuja autoria seria do foneticista Ricardo Molina. Pesam ainda suspeitas de uso indevido de aparelhos do laboratório da universidade. Os processos estao correndo na Comissao Processante Permanente da Unicamp.

Badan também está sendo processado por apropriaçao indébita do trabalho de identificaçao do corpo do carrasco nazista Josef Menguele, que lhe deu fama internacional em 87. Outro legista da Unicamp, Nelson Massini, que coordenou a identificaçao de Mengele, acusa o colega de ter creditado a Antônio Francisco Bastos, diretor do IML de Campinas na época, a autoria da identificaçao sem que ele tivesse participado do trabalho. Massini alega ainda que, pelo menos, sete pessoas que formavam sua equipe de legistas na ocasiao nao tiveram seus nomes citados como autores da identificaçao do médico nazista.




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