O presidente venezuelano Hugo Chávez ordenou na quarta-feira à noite a expulsão de missionários evangélicos americanos do movimento "New Tribes", que haviam se instalado em regiões onde é grande a presença de populações indígenas, acusando-os de enviar informações estratégicas ao governo americano.

"É uma ordem: as ditas 'New Tribes' devem se retirar da Venezuela", declarou o chefe de Estado durante uma cerimônia organizada no estado de Apure (sudeste), em comemoração ao 12 de outubro, "dia da resistência indígena" (e da Descoberta da América).

"Nós não queremos a 'New Tribes', nós somos uma antiga tribo que já está aqui desde bem antes da colonização", declarou Chávez, se referindo a este movimento acusado pelas organizações ecologistas venezuelanas de explorar sem limites as reservas naturais sob o pretexto de exercer um trabalho de evangelização.

O presidente venezuelano afirmou ainda que a "New Tribes" enviava "informações estratégicas" para fora do país e colaborava com a agência de inteligência americana CIA.

Ele explicou durante o encontro das comunidades indígenas que descobriu as ações do movimento em um relatório militar e em um vídeo, e que havia se sentido "envergonhado" pelas práticas exercidas. "Na realidade, são apêndices do imperialismo; a CIA, as verdadeiras novas tribos que recebem informações importantes, estratégicas e exploram os índios, aqui em nosso país", acusou Chavez.

O presidente venezuelano afirmou que a "New Tribes" possui "usinas elétricas, sistemas de rádio e pistas abertas pela passagem de tratores onde aterrissam aviões sem passar pela alfândega". Na solenidade no estado de Apure Chavez entregou às comunidades indígenas os títulos de propriedade sobre as terras onde vivem, e comparou a luta dos índios da América à dos palestinos. Ele chamou Cristóvão Colombo de chefe da "invasão" da América Latina e do Caribe.

As relações entre o governo da Venezuela e dos Estados Unidos atravessam um momento de tensão. Chávez acusa George W. Bush de querer derrubá-lo, ou mesmo assassiná-lo, enquanto que Washington classificou abertamente o presidente venezuelano como "fator de desestabilização" para a região.