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Santoro e 'Che'
27/03/2009 | 07:00
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Divulgação


Rodrigo Santoro não se esquece da emoção que sentiu ao assistir a Che com uma plateia de 4.000 pessoas no gigantesco Teatro Karl Marx, durante o Festival de Havana, em dezembro. Após a Mostra Internacional de São Paulo, a que compareceu para acompanhar Benicio Del Toro na exibição do díptico de Steven Soderbergh sobre o lendário guerrilheiro, na noite de encerramento do evento, Santoro foi à Espanha para prestigiar, também lá, a estreia do filme (que lamentavelmente entra somente no circuito paulistano).

Che bateu a bilheteria dos blockbusters de fim de ano na Espanha e, nos EUA, encontrou seu público na costa Oeste e na Leste. Em Los Angeles, as duas partes foram lançadas simultaneamente. Não houve ainda, pelo menos por enquanto, lançamento no meio-Oeste, onde habita a maioria silenciosa dos EUA, o eleitorado de George W. Bush.

"O filme foi bem nos Estados Unidos", regozija-se Santoro, que acompanha a performance de Che ao redor do mundo entusiasmado.

Ele sabe que o filme cuja primeira parte estreia hoje no Brasil é polêmico. "Para muita gente, Che é um herói; para outros, um assassino. Steven (Soderbergh) não quis reforçar uma visão nem a outra. Ele busca o homem, o ser humano." Em Havana, Santoro e Del Toro fizeram a apresentação do filme e depois foram para trás da tela, observar as reações do público. "Afinal, se há um lugar onde as pessoas sabem quem foi o Che, é lá. Foi emocionante. Fiquei quatro dias em Havana, após as exibições, e as pessoas me paravam para conversar, comentar, elogiar."

Rodrigo vive Raúl Castro, mas não sabe se o irmão do ‘Comandante', que sucedeu Fidel Castro à frente do governo da ilha, assistiu ao filme. "Raúl estava fora e, depois, quando voltou a Havana, tinha agenda superlotada. O pessoal do Icaic (o Instituto de Cinema de Cuba) foi muito bacana conosco. Pelo Granma (o órgão oficial), eu acompanhava os compromissos de Raúl e via quanto ele estava atarefado. Não fosse isso, teria ido, na cara dura, à porta do palácio para pedir uma audiência."

Santoro sabe que ainda é cedo para avaliar se a boa receptividade a Che, nos EUA, tem a ver com a nova administração de Barack Obama. "Há um desejo de mudança e o filme trata de revolução, de uma mudança radical, como o mundo precisa."

Ele se inflama, mas logo mede as palavras. "Completam-se 50 anos da Revolução Cubana. Muita gente é contra, mas basta estar em Cuba, em Havana, para perceber como aquele povo é culto, preparado. Torço para que as mudanças que lá também precisam ocorrer levem isso em conta e preservem esse patrimônio da humanidade", diz.

O ator lembra que foram sete anos de pesquisa e preparação para fazer Che. Por iniciativa própria, ele foi à ilha para se preparar. Nunca pisou em Varadero, destino turístico por excelência de quem vai a Cuba. Santoro queria saber quem eram os cubanos, quem era esse Raúl, sempre à sombra de Fidel. Depois, durante a filmagem em Porto Rico, ele viveu um dos períodos mais intensos e felizes da sua vida. "Steven (Soderbergh) fez o filme em castelhano, com atores de várias procedências de toda a América Latina. Éramos a própria expressão da diversidade cultural, mas também do companheirismo. Steven improvisava o tempo todo, e isso nos mantinha em estado de alerta que, imagino, era o mesmo que os guerrilheiros experimentavam há 50 anos, só que com eles devia ser muito mais intenso, claro."

Todo dia, após a filmagem, a equipe batia uma bolinha. Unidos pelo futebol. Depois, o filme foi para Cannes. Até quem não gosta de Che, o filme ou o personagem, respeita o trabalho.

Ele deve regressar aos EUA para o lançamento de I Love You Philip Morris, de Glenn Ficarra e John Requa, com Jim Carrey. "O sucesso do filme em Sundance, em janeiro, foi muito bacana. O público de lá adorou o humor negro. Espero trabalhar no lançamento, porque o filme merece."

Outro trabalho que o empolga é Som & Fúria, que Fernando Meirelles fez como série para a Globo. "Faço o que gosto, com pessoas maravilhosas. Espero levar minha carreira sempre assim. O dia em que pensar só em dinheiro, em projeção, é melhor largar tudo."




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