O delegado Pacífico Marques, titular no bairro da Posse, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, informou nesta sexta-feira que já tem a hipótese de falha humana como a mais provável para explicar os motivos do choque entre dois trens ocorrido na quinta na região. O acidente deixou oito mortos e mais de cem feridos.

Segundo o delegado, o interrogatório dos funcionários envolvidos vem indicando que ocorreu falha no controle operacional dos trens. "Tudo caminha no sentido de que houve falha operacional, ou seja, a responsabilidade criminal seria do condutor da locomotiva que ia da Central do Brasil a Japeri, ou do controlador da central de operações – um dos dois falhou".

Ele informou ainda que se não houvesse o choque, o comboio poderia descarrilar, porque a troca de pista feita pelo outro trem, sem passageiros, deixou um espaço nos trilhos que causaria esse descontrole.

A polícia está percorrendo os hospitais que acolheram feridos, a fim de tomar depoimentos que expliquem melhor o acidente. O laudo policial tem previsão de sair em cerca de 30 dias.

Falta de manutenção – Segundo o presidente do Sindicato dos Ferroviários do Rio de Janeiro, Valdir Lemos, a falta e problemas de sinalização podem ter sido as causas do acidente. Segundo ele, a manutenção "precária" da via férrea vem sendo denunciada há anos.

"A via é composta por pedra, dormente, trilho e uma placa que prende o dormente ao trilho. Na maioria das vezes, algumas placas estão sem parafusos e outras têm apenas dois parafusos, quando deveriam ter seis", comentou Lemos em entrevista à Rede Globo.

Acidente - O acidente envolvendo dois trens — um em alta velocidade e outro parado — aconteceu por volta das 16h de quinta-feira, horário de grande movimento de passageiros. O resgate terminou apenas quatro horas depois.

A maioria das vítimas foi encaminhada para o Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, onde o movimento de parentes à procura de feridos foi grande durante toda a madrugada de hoje. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, dos 101 passageiros feridos, 80 já foram liberados e 21 continuam internados.

A concessionária Supervia, que administra a linha onde ocorreu o acidente, deve divulgar em cerca de dez dias o laudo sobre as causas do choque entre os trens. Os maquinistas das duas composições, que sobreviveram, devem ser ouvidos nos próximos dias.

Mortos – Nesta sexta-feira, a Supervia confirmou a identificação de seis dos oito mortos no acidente. Dois corpos ainda aguardam reconhecimento pelo IML (Instituto Médico Legal).

As vítimas identificadas são: Érica da Silva, Jerônimo Pereira dos Santos, Jesse da Silva Lorosa, Renan Pedrosa Moreira, Rosana Teófilo e Severino Inácio.