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Ruanda realiza na segunda primeira eleição desde 1962
Da AFP
24/08/2003 | 17:40
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Cerca de quatro milhões de ruandeses vão às urnas nesta segunda-feira para escolher seu presidente pela primeira vez desde a independência em 1962. A tensão cresce entre o partido no poder, dominado agora pela minoria tutsi, e o principal adversário hutu nos últimos momentos da campanha.

A polícia prendeu neste domingo doze representantes do principal candidato da oposição à eleição presidencial, Faustin Twagiramungu. A informação é confirmada por fonte oficial.

"Doze de meus observadores foram presos neste sábado em Kigali pela polícia e outros dois escaparam", disse em entrevista coletiva à imprensa. A polícia confirmou as prisões, acrescentando que estes representantes de Twagiramungu tentavam organizar ações violentas.

O atual presidente Paul Kagame, 46 anos, ex-chefe da rebelião tutsi, é o favorito das eleições. Kagame convocou os eleitores a superar as divisões étnicas pelo voto.

Antes do genocídio de 1994, que causou um milhão de mortes entre a minoria tutsi e os hutus moderados, os hutus representavam 85% da população e os tutsis em torno de 15%. A classificação étnica foi abolida depois dos massacres.

O principal adversário de Kagame, Faustin Twagiramungu, 58 anos, é um hutu moderado, ex-primeiro-ministro (1994-1995), que entrou em Ruanda em junho depois de oito anos de exílio na Bélgica, ex-potência colonial. Ele acusa Kagame de monopolizar o poder.

Esta eleição presidencial é um teste na região turbulenta dos Grandes Lagos e a mais importante em Ruanda desde o genocídio. A campanha eleitoral foi atípica, pois Kagame arrasou praticamente todos os adversários, Twagiramungu e outros dois pequenos candidatos, com sua campanha cheia de recursos.

Em todo o país, as únicas propagandas com visibilidade eram as do atual presidente. Nos táxis, nos ônibus e em vários carros havia cartazes e adesivos de Kagame ou do logotipo do seu partido, a Frente Patriótica Ruandês (FPR, ex-rebelião tutsi).

Twagiramungu denunciou várias vezes a campanha do adversário, que foi concluída sábado à noite, afirmando que seus simpatizantes eram ameaçados. Isso levou o candidato a reduzir suas aparições e a cancelar um comício na sexta-feira.

No sábado, a tensão aumentou ainda mais quando o presidente da Comissão Eleitoral Chrysologue Karangwa acusou Twagiramungu de preparar um "complô" para "falsificar" votos.

Para evitar ser acusado de traição ou incitação à violência, Twagiramungu decidiu não enviar representantes às mesas eleitorais no dia da votação.

Do lado do FPR, o otimismo é total e o organizador dos comícios de Kagame, Modeste Rutabayiru, disse neste domingo que os opositores "sentem que o vento não está a seu favor e buscam pretextos".




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