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Feminista denuncia crise de masculinidade nos EUA
Do Diário do Grande ABC
08/10/1999 | 17:27
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Uma feminista de renome nos Estados Unidos está sendo motivo de grande polêmica, ao sair em defesa do homem norte-americano, desorientado em seu papel de marido e pai de família.

Hoje em dia existe uma verdadeira "crise de masculinidade" nos Estados Unidos, afirma Susan Faludi no livro "A traiçao do homem norte-americano", publicado recentemente.

A jornalista conheceu um imenso sucesso em 1991 nos Estados Unidos com "Backlash: a guerra nao declarada contra as mulheres norte-americanas", considerado livro de referência da causa feminista.

Oito anos mais tarde, Susan Faludi passou a se interessar pelo destino dos homens. Depois de seis anos de investigaçao, chegou à conclusao de que os norte-americanos da geraçao nascida depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) estao sem referências e confrontados a uma verdadeira crise de identidade.

Segundo ela, os modelos de conduta ou valores transmitidos pela geraçao de seus pais caducaram, devido a formidáveis mutaçoes econômicas e culturais sofridas pela sociedade norte-americana nas últimas décadas.

"Onde esperavam encontrar uma figura paternal que lhe estenderia a mao, descobriram empresas que despediam os homens que lhes haviam sido leais", relatou Susan Faludi.

A figura do pai -lembrou- desapareceu, tanto no sentido literal como figura protetora ou que ensina o caminho a seguir na vida.

O homem norte-americano já nao tem como referência o que Susan Faludi denomina a ``cultura ornamental' para definir seu lugar na sociedade, só possui uma aparência imposta por um consumo onipotente.

"Nao apenas as mulheres sao bombardeadas com mensagens culturais sobre o comportamento apropriado" de seu sexo, embora a mulher tenha aprendido com o feminismo rebelar-se contra esta pressao social. Com o homem nao aconteceu isso, daí sua preocupaçao. Simples tese intelectual ou realidade?

Vários fenômenos comprovam a existência de um verdadeiro mal-estar entre os homens nos Estados Unidos, onde o índice de divórcio é o mais elevado do mundo ocidental.

Multiplicam-se os seminários "especiais para homens", onde eles se reúnem para "compartilhar risos e às vezes lágrimas".

O mal-estar também esteve presente na marcha de um milhao de homens negros em Washington, em 1995, e nas inúmeras reunioes do Promise Keepers, outro movimento exclusivamente masculino destinado ao arrependimento e à renovaçao do espírito.

O país também se questiona sobre aqueles os quais aparentemente nao é capaz de educar: os meninos, que se suicidam mais que as meninas e conseguem os piores resultados na escola.

As obras consagradas à educaçao dos adolescentes invadem as estantes das livrarias. Estes livros recordam aos pais que o comportamento de um menino é diferente do de uma menina e que é preciso levar em conta esta especificidade.

Harvey Hornstein, psicólogo da Universidade Columbia de Nova York, estimou que a sociedade norte-americana está atualmente num "período de transiçao", onde homens e mulheres redefinem suas funçoes.

"As mudanças no país minaram várias hipóteses que os homens tinham em mente sobre o que fazer para ter sucesso na vida", acrescentou a escritora.

Assim, revela, alguns homens brancos têm dificultades para se adaptar à realidade surgida da luta pelos direitos cívicos. Para Susan Faludi, seu livro representa "a extensao dos princípios feministas aos homens". "Haverá alguma resistência por parte das que ainda consideram o homem como inimigo, mas é uma visao minoritária dos círculos feministas. O feminismo tem o coraçao mais aberto", concluiu.




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