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Roteiro refaz caminho
de Padre Anchieta em SP
Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
29/09/2011 | 07:14
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Toda jornada realizada por peregrinos tem como premissa percorrer um caminho santo. O termo apareceu na primeira metade do século 13 como adjetivo àqueles cristãos que viajavam de Roma à Terra Santa em busca de lugares sagrados. Desde então, diversas rotas foram traçadas com o mesmo princípio no mundo inteiro.

Para não ficar atrás, o Governo do Estado de São Paulo inaugurou na semana passada a primeira das oito rotas previstas no projeto Caminha São Paulo. Trata-se do percurso Passos dos Jesuítas - Anchieta, que homenageia os religiosos que fizeram o trajeto na primeira metade do século 16.

No total serão 360 quilômetros de extensão, mas apenas o primeiro trecho, de 145 quilômetros, foi liberado pelo governo, com partida de Peruíbe e término no Forte de São João, em Bertioga. O restante deve ser inaugurado no dia 30 de outubro.

O poeta, professor e historiador José de Anchieta foi homenageado pela iniciativa e deu o nome à primeira rota do programa. No dia do lançamento do projeto, dia 14, o jesuíta foi representado pelo ator Nuno Leal Maia.

O trajeto passa por 13 cidades do Litoral Paulista - o que alia religiosidade, cultura e beleza -, mas tem também rotas alternativas. Uma delas é a que começa em Cubatão e se estende por aproximadamente 20 quilômetros, passando pelo Cruzeiro Quinhentista, à avenida Vicente de Carvalho (avenida da praia), em Santos, e pelo centro histórico da cidade.

Segundo o consultor técnico do programa, José Palma, o projeto é importante porque acaba com a sazonalidade no litoral paulistano. "Teremos turistas nessas cidades o ano todo e não só em temporada."

Palma orienta que os interessados devem, inicialmente, fazer a inscrição gratuita no site (www.caminhasaopaulo.com.br), que terá validade de um ano. Com isso, receberão o manual da rota. Mas ressalta que também em cada lugar o peregrino irá visualizar placas e avisos indicando o Caminho dos Jesuítas.

O peregrino também receberá um código de barras que deverá ser trocado por um cartão inteligente nos postos indicados pelo projeto. "Com ele (cartão), o peregrino terá direito a descontos em restaurantes e pousadas (nestas de 10% a 30%) credenciados." Sua sugestão é que a reserva seja feita com, pelo menos, 24 horas de antecedência. As diárias custam a partir de R$ 50 por pessoa.

Como o cartão é high-tech e contém um chip, o peregrino também deverá ir a postos específicos para registrar sua passagem. Quando completar pelo menos 12 registros, já poderá receber o Jesuit Magna, certificado de participação na caminhada.

Para que os parentes e amigos não fiquem preocupados no caso de o peregrino estar sozinho, é possível acessar os locais por onde o caminhante passou por meio de sua página personalizada no site, com login e senha, já que o cartão computa automaticamente o registro nos postos.

 

DICAS

Palma participou da peregrinação inaugural do trecho de 145 quilômetros, que compreende seis etapas e pode ser concluído em sete dias. Para conseguir lidar com as intempéries do caminho, ele sugere alguns acessórios essenciais. Em primeiro lugar, o peregrino deve levar apenas roupas leves e de materiais sintéticos, por serem fáceis de lavar e não haver necessidade de passar. "A mochila não deve ter mais do que 10% do peso corporal."

O calçado deve ser do estilo adventure, e as meias, de material apropriado, chamado coolmax, que absorve o suor e é antibacteriano. Também deve-se levar protetor solar e nunca esquecer de beber água, mesmo que não tenha sede.

No portal do projeto é possível adquirir grande parte desses produtos na seção Loja do Caminhante, que vende bonés, camisetas anti-suor (dry-fit), mochilas, cajados, medalhões e até chapéus australianos. Tudo personalizado.

 

HISTÓRIA

Fundador de São Paulo, o padre José de Anchieta aportou no Brasil em 13 de junho de 1553. Veio após recomendação médica, porque sofria de problemas na coluna, e com a missão de evangelizar o País, inclusive os índios. Entre os grandes feitos, participou da fundação do Colégio da Vila de São Paulo de Piratininga, em 25 de janeiro do ano seguinte à sua chegada.

Além de educar e catequizar os indígenas, ele também os defendia veementemente dos colonos e se tornou o elo entre índios e padres. Fez esse trabalho nas areias de Itanhaém e Peruíbe e nelas também escreveu uma de suas grandes obras, o Poema à Virgem. Passou por Ubatuba, entre outras cidades do Litoral, a fim de ensinar e catequizar.

Foi à Bahia, à época uma capitania, e depois dirigiu o Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro por três anos. Passou também pelo Espírito Santo, seu último ponto no Brasil. Foi lá que morreu em 1597, na cidade de Reritiba.

Ele deixou como legado cartas, sermões, poesias, a gramática da língua mais falada na costa brasileira (o tupi) e peças de teatro. Conhecido como o Apóstolo do Brasil, foi beatificado pelo papa João Paulo II em 1980.




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