A partir das 4h da madrugada local de 31 de dezembro, quando soarem as doze badaladas do Ano Novo para os neozelandeses, a mais de 10 mil km dali, técnicos californianos começarao a receber informaçoes procedentes de equipamentos estrategicamente situados em 20 pontos do planeta.

``Certamente nao antecipamos nenhum cataclismo, mas se algo acontecer, teremos cerca de vinte horas pela frente para observar como a mudança de hora afeta em todas essas outras regioes do mundo', disse um porta-voz do Departamento de Comércio da Califórnia, Mike Marando.

Seguindo os ponteiros do relógio, as agências irao se incorporando para enviar, por correio eletrônico ou telefone celular, em caso de falha do abastecimento elétrico, os dados disponíveis em cada um dos países sobre eventuais anomalias registradas depois da meia-noite.

No centro de operaçoes de Sacramento, a capital da Califórnia, sessenta voluntários se encarregarao de selecionar toda essa informaçao e introduzir os dados de utilidade em uma grande base de dados que poderá ser consultada permanentemente pelas autoridades públicas, as empresas privadas e inclusive os cidadaos temerosos.

O projeto, chamado de ``Follow the Sun' (Seguir o sol), está destinado a atenuar o impacto do efeito 2000 na Califórnia, principalmente tudo o que possa afetar o funcionamento normal do comércio, que representa 20% de uma economia estimada em US$ 1,1 trilhao.

Os setores público e privado se associaram para esse projeto, que surgiu de uma primeira colaboraçao entre um consórcio de empresas de alta tecnologia e o Governo estatal nos esforços de preparaçao da Califórnia para o efeito 2000.

O efeito 2000 é um defeito provocado pela abreviatura dos anos a dois dígitos que pode afetar os equipamentos e programas informáticos no dia 1º de janeiro se estes entenderem ``00' como o ano 1900, uma eventualidade que pode ter conseqüências fora de controle.

Embora a Califórnia esteja pronta, as autoridades temem que o Estado possa ser afetado pelo que possa ocorrer em outras regioes do planeta menos preparadas para o combate à falha informática.

Os ``vigilantes', situados nas nove agências comerciais do Estado da Califórnia e em outras filiais de empresas participantes, informarao assim sobre eventuais problemas no abastecimento de energia elétrica e de água, assim como nos transportes, em portos e aeroportos em suas áreas. Paralelamente, também acompanharao a atividade em hospitais e inclusive os possíveis tumultos da ordem pública durante as comemoraçoes.

Uma grande catástrofe ocorreria se começassem a chover notícias de problemas em diversas partes do mundo e haveria pânico entre os californianos, a medida em que se aproximar a hora zero para eles.

``Nao podemos ter uma populaçao muito preocupada', assinalou Jon Fullinwinder, porta-voz do condado de Los Angeles. ``Porque se acontecesse isso, teríamos um bug 2000 sem nada a ver com a tecnologia ou com o próprio bug 2000'.