A jornalista italiana Giulliana Sgrena, que foi libertada na semana passada após ficar sob o poder de rebeldes por quase um mês no Iraque, desmentiu nesta segunda-feira os rumores de que ouviu seus seqüestradores comentarem sobre a morte do engenheiro brasileiro João José Vasconcelos Júnior. Os rumores foram noticiados no último sábado pela agência italiana Ansa.

Nesta segunda-feira, a família enviou uma intermediária, a jornalista e amiga Lenise Figueiredo, ao hospital de Roma onde Sgrena está se recuperando do tiro que levou no ombro. Sgrena, então, afirmou não conhecer Vasconcelos e não saber de onde tal informação sobre a morte dele foi tirada.

A família de Vasconcelos disse não acreditar na morte do engenheiro e declarou que ainda tem esperanças de encontrá-lo vivo, mesmo sem os seqüestradores realizarem qualquer contato desde o dia em que foi raptado, 19 de janeiro.

Boatos – A Ansa havia divulgado no sábado uma lista de reféns mortos no Iraque, que trouxe o nome de Vasconcelos e a data da "confirmação da execução" como sendo 5 de março.

O boato causou preocupação no Brasil. O Ministério das Relações Exteriores manteve contato com as embaixadas brasileiras no Oriente Médio para apurar a informação. Por sua vez, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, disse que ainda tem esperanças de que ele esteja vivo.

"Eu diria que mantemos a esperança. Houve outros momentos em que ouvimos coisas negativas, depois as atitudes e indicadores foram em sentido contrário e as análises também", disse Amorim. Ele ainda afirmou que fez "contato com o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães (secretário-executivo do Itamaraty), porque do Brasil haverá mais facilidade para fazer outros contatos que serão necessários".

Amorim pediu aos seqüestradores que divulguem informações sobre o estado de saúde de Vasconcelos a fim de tranqüilizar sua família e o governo brasileiro. "Evidentemente o que queremos é que os seqüestradores nos permitam e, sobretudo à família, ter conhecimento real da situação".

O Itamaraty também divulgou nota sobre as providências que tomou depois de ter conhecimento da informação. O texto informa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a família do engenheiro têm sido informados, constantemente, sobre a atuação do Ministério das Relações Exteriores no caso.

O engenheiro João José Vasconcelos Junior é mineiro e estava no Iraque a serviço da construtora Odebrecht quando foi seqüestrado. Desde então, o governo brasileiro tem tentado obter a sua libertação, contando com apoio de países muçulmanos, já que o Brasil foi contrário à invasão norte-americana