O atacante Lúcio, do Flamengo, já foi personagem do documentarista Joao Moreira Salles, companheiro de fisioterapia de Pelé e parceiro de seresta de Zezé di Camargo. Falta-lhe, entretanto, o reconhecimento mais importante de sua carreira. ``Quero ficar na história do Flamengo, estou obcecado em conquistar um título importante com essa camisa', disse o jogador.

Nascido no Tocantins, há 25 anos, quando o Estado ainda era parte de Goiás, deve ser titular na estréia do Flamengo no Estadual contra o América, no Maracana.

Depois de uma passagem difícil pelo Flamengo entre 97 e 98, do empréstimo ao Santos, onde quebrou a perna, o driblador Lúcio agora quer bailar. Amante de todos os ritmos e cantor enrustido de música sertaneja, o jogador vai começar a aprender dança de salao com a noiva Flávia e o professor Chocolate.

``Dança e futebol sao coisas que se combinam. Entro em campo sempre com uma música na cabeça. Também gosto de cantar, mas confesso que um microfone me deixa mais nervoso do que o Maracana lotado', diz o craque-compositor, autor dos seguintes versos para a amada: ``Você só é feliz do meu lado/ Meu coraçao bate forte, acelerado/ Sem você/ Só porque eu te amo muito/ Meu amor/ Nao vá embora/ Volte por favor.'

Lúcio nao vive longe da família, nem da tranqüilidade da cidade de Alvorada, no Tocantins, de onde saiu aos 16 anos para jogar no Goiás. ``Nas férias, sempre volto para casa, gosto de pescar de canoa com meu pai (o carpinteiro Serafim). Hoje, sou calmo até demais.' Bem diferente do moleque raivoso, conhecido na cidade como Neguinho, o caçula entre cinco irmaos, que queria driblar e brigar com todo mundo.

A vida ensinou-lhe a ser mais conformado. Menos de um mês depois da fratura, em outubro de 98, Lúcio perdeu a mae, Maria Angélica, e, por alguns dias, a vontade de jogar bola. Encontrou novamente a paz, no ano passado, com a camisa branca do Santos, mas reconhece que boa parte de sua força vem do vermelho e preto. ``Fazer um gol pelo Flamengo é uma emoçao única. Voltei para ficar.'