Até quinta-feira da próxima semana, os 315 mil clientes do Banco do Brasil começarao a receber a devoluçao do dinheiro dos nove fundos de investimento do banco, que sofreram fraude em janeiro do ano passado. O diretor de Finanças do BB, Vicente Diniz, informou que o pagamento, previsto para a primeira semana de abril, deve ser antecipado. Isso custará cerca de R$ 73 milhoes ao BB, valor estimado para o prejuízo dos cotistas, ainda sem correçao (variaçao dos depósitos interbancários).

Ao contrário do que se poderia esperar, o anúncio da fraude gerou mais credibilidade do que rejeiçao aos fundos administrados pelo BB. "Nao houve corrida nenhuma. Recebemos dezenas de telefonemas elogiando nossa coragem em admitir o erro e as conseqüências têm sido altamente positivas", comentou o diretor do BB.

Ele informou que na segunda-feira, primeiro dia útil após o anúncio da fraude no final de semana, a BB Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários registrou R$ 133 milhoes de captaçao líquida (depósitos superiores aos saques) nos 38 fundos de investimento que administra. O banco administra cerca de R$ 40 bilhoes em aplicaçoes de clientes, inclusive do próprio governo, ocupando o primeiro lugar no ranking das administradoras de recursos de terceiros.

"Nao houve resgates significativos, ao contrário, foi uma captaçao positiva superior à média diária", disse Diniz. Ele também acredita que o gesto do BB, ao assumir o erro de cinco funcionários que apostaram e perderam em dólares, na época da desvalorizaçao cambial, e ainda ressarcir os prejudicados, pode ser positivo para a indústria de fundos de investimento.

De qualquer forma, o BB está se precavendo contra a repetiçao de fraudes dessa natureza e tentando dar mais transparência para o cliente. Diniz informou que no próximo mês o banco oferecerá a seus maiores clientes individuais - cerca de 70 - programa de computador onde fundos de pensao e grandes empresas poderao monitorar os riscos das aplicaçoes.

"O cliente vai poder dizer vende esse ativo ou coloca em outro", explicou Diniz. O software para o acesso do cliente pela Internet possibilitará o cálculo, na hora, do risco de mercado (variaçao de juros e da taxa de câmbio, por exemplo) da aplicaçao. Sao clientes que movimentam grandes somas de dinheiro, explicou o diretor, e o BB está interessado em que esses clientes tenham o maior controle possível sobre as apostas com seus recursos. "Esse programa vai permitir que eles tenham a percepçao correta do risco da carteira", disse.

Diniz explicou ainda que, para o pequeno investidor que aplica na agência do banco, os chamados "fundos de rede", a BB-DTVM oferece o serviço de informar sobre as perspectivas de ganho ou de perda de cada fundo. É só o cliente ligar para a agência, pedir para falar na BB-DTVM "que eles fazem a traduçao do que está acontecendo com a aplicaçao do cliente", assegurou o diretor do BB.