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Crise põe em alerta gigantes brasileiras
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
12/08/2011 | 07:30
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O cenário da economia dos Estados Unidos, que ganhou os holofotes do mundo após a agência de risco Standard & Poor's duvidar da capacidade de a potência norte-americana pagar suas dívidas, começa a colocar em alerta grandes empresas brasileiras, principalmente aquelas que têm operações fora do País.

É o caso da petroquímica Braskem - que possui operações no Grande ABC desde que comprou a Petroquímica União no início do ano passado -, principalmente porque, recentemente, adquiriu a unidade de polipropileno da Dow Chemical e tornou-se a maior produtora dessa resina nos Estados Unidos. No início de 2010 ela já havia comprado a divisão da mesma substância da petrolífera norte-americana Sunoco.

Ontem, em coletiva para anunciar o balanço do segundo trimestre, o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, afirmou que o momento da economia global exige cautela e que, na eventualidade de a situação se agravar, os projetos de longo prazo da petroquímica podem ser revistos. "Nosso plano de investimentos segue, mas antes de aprovarmos cada projeto vamos parar para analisá-lo."

Para este ano, a ideia de investir R$ 1,6 bilhão permanece inalterada, pois o montante está relacionado principalmente a projetos de curto prazo, voltados para atender o mercado doméstico.

Na avaliação do coordenador do curso de Economia da Universidade Municipal de São Caetano, Francisco Funcia, a medida é prudente não só à Braskem, mas a companhias de grande porte oligopolistas (que fazem parte de seleto grupo de empresas que dominam o mercado mundial em determinado setor, neste caso, petroquímico), que movimentam grandes volumes de investimentos, operam no Exterior e são mais expostas aos riscos da crise. "Por outro lado, as empresas que têm vínculo maior no mercado interno estão mais protegidas da turbulência. Tanto que, no curto prazo, o melhor caminho que as companhias que têm atuação externa podem seguir é redirecionar suas atividades para o País. Isso trará mais fôlego."

MERCADO - Ontem, o índice Bovespa, principal indicador da BM&FBovespa, encerrou o pregão em alta de 3,79% e, na semana, já acumula expansão de 0,5%. Isso significa que o tombo de 8,8% tomado na segunda-feira, após o rebaixamento do rating soberano norte-americano (nota que avalia a capacidade de o País pagar suas dívidas) de AAA para AA+, já foi recuperado.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que, na reunião da Unasul, que acontecerá na Argentina, os países da América Latina vão discutir medidas que possam ser tomadas para que suas economias não sejam contaminadas pela crise.

Segundo o ministro, os países latino-americanos vêm tendo desempenho melhor que o dos países avançados e "queremos preservar isto". Disse que é preciso estreitar as relações comerciais entre os países e aproveitar melhor os seus mercados.

Mantega foi criticado pelo presidente da BM&F Bovespa, Edemir Pinto, que anteontem disse que a equipe econômica do governo estava fazendo "cara de paisagem" para as preocupações do mercado financeiro em relação às medidas cambiais voltadas ao segmento de derivativos. (com AE)

 




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