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Alta do etanol está nas distribuidoras
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
03/08/2011 | 07:12
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Claudinei Plaza/DGABC


Em plena safra, o preço do etanol segue em alta constante. E, de acordo com levantamento realizado pela equipe do Diário, os maiores reajustes estão ocorrendo nas distribuidoras de combustível. Nos últimos dois meses, o valor do renovável repassado por essas companhias aos postos subiu 11,34%. Os postos de combustíveis, por suas vez, elevaram preço do álcool na bomba em 10,55%. No mesmo período, as usinas mantiveram a variação de 4,62%, partindo de R$ 1,08 para R$ 1,13.

Os dados fazem parte de estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz, da USP, com o cruzamento de informações semanais da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis referentes ao Grande ABC. O período considerado vai do início de junho ao fim de julho.

Na região, o litro do álcool custava no fim do mês passado R$ 1,79, em média, contra R$ 1,61 em junho. Embora nas sete cidades seja mais vantajoso abastecer com etanol, na maioria dos Estados o custo benefício é maior com gasolina. Prova disso é que dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar atestam que a procura pelo combustível fóssil está firme, o que faz aumentar junto a demanda pelo etanol anidro - que compõe 25% da gasolina.

Somente na primeira quinzena do mês passado, a demanda pelo álcool anidro aumentou 26,57% em relação ao mesmo período da safra passada, atingindo 615,32 milhões de litros. Em contrapartida, a procura por etanol hidratado, usado como combustível, amargou recuo de 25,48% no mesmo período, computando 1,02 bilhão de litros nessa comparação.

Para o representante da Unica em Ribeirão Preto, Sérgio Prado, houve queda no volume adquirido de hidratado por parte das distribuidoras porque caiu o consumo de etanol, devido aos preços desvantajosos em relação à gasolina.

O fato é que a frota de carros bicombustíveis tem expansão maior do que a safra de etanol, que não consegue acompanhar o mercado atual. Nesse contexto, Prado afirma que não há mágica. "O etanol não vai brotar ou chover. É preciso plantar cana. Se houve problemas é porque não se renovou a oferta o suficiente e não há solução no curto prazo." Ele explica que o sucesso da produção do biocombustível depende de uma gama de fatores. Entre eles, clima, qualidade do plantio e investimentos no setor. "Esse último ficou travado."

O representante da Unica defende que toda essa safra apresentará problemas nos preços e que a salvação pode vir apenas no ano que vem. Mas isso também vai depender de como uma nova safra, em fase de crescimento, irá se desempenhar, já que uma produção dessas demora 18 meses para dar resultados.

Além disso, o representante afirmou não ser possível entender os motivos que resultam no encarecimento do etanol na ponta do consumo, já que na indústria os preços se mantêm.

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes e as principais distribuidoras do País foram procurados comentar a alta nos custos, mas não se manifestaram.

 

Preço dos combustíveis fica estável na semana

O consumidor teve uma folga na oscilação de preços dos combustíveis na última semana, que ficaram praticamente estáveis até ontem, quando o valor médio da região para o etanol atingiu R$ 1,74, variação negativa de 0,15% sobre sete dias atrás. A gasolina apresentou queda de 0,52% e custa em média R$ 2,57 atualmente. Para isso, a equipe do Diário levantou preços de 44 postos da região.

Santo André foi a única cidade do Grande ABC a ter alta no renovável, em 3,5%, passando a custar R$ 1,79 em média. Esse custo só perde para o praticado em São Caetano, que mesmo recuando em R$ 0,05 cobra R$ 1,80. Diadema é a cidade com o álcool mais barato. Lá, fica na média de R$ 1,68, cerca de R$ 0,02 mais barato que há sete dias.

Quanto ao combustível fóssil, apesar de toda a região apresentar variação estável, em Santo André encareceu R$ 0,01, custando R$ 2,61. A maior queda ocorreu em São Bernardo, de R$ 0,03, passando a R$ 2,54. Diadema é a mais barata também na gasolina, com R$ 2,49 no litro.
Colaborou Pedro Souza




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