Internacional Titulo
Transição em Cuba já ocorre há cinco anos
Adriana Mompean
Do Diário do Grande ABC
02/12/2006 | 17:15
Compartilhar notícia


Os preparativos para uma troca de poder em Cuba ocorrem há pelo menos cinco anos, de acordo com análise do professor e coordenador do curso de História da Uniabc, Alfredo Oscar Salun. Na opinião do especialista, a transferência de funções políticas feita pelo presidente Fidel Castro a seu irmão Raúl, no último mês de julho, soa como definitiva.

Fidel Castro anunciou há quatro meses que seria submetido à um procedimento cirúrgico e nomeou o irmão Raúl Castro como seu substituto. Devido à misteriosa doença, o governo cubano transferiu as comemorações do aniversário de 80 anos de Fidel, que ocorreria em 13 de agosto, para este domingo, data em que os cubanos celebram os 50 anos do desembarque de guerrilheiros no país, que culminou na vitória dos revolucionários após dois anos de lutas.

"Há alguns anos, o estado de saúde de Fidel Castro têm impedido uma participação mais ativa no governo. Nos últimos cinco anos, ele vem preparando táticas para que os princípios da revolução prossigam no país. Acredito que a transição de poder é definitiva”, afirma Alfredo Salun.

Para o professor da Uniabc, numa era pós Fidel, Cuba terá de fazer abertura para a entrada de capital no país. “Eles deverão seguir um modelo muito parecido com o da China, que manteve o Partido Comunista no poder, mas liberalizou a economia. Isso ajudaria a minimizar as pressões dos Estados Unidos.”<EM>

Segundo Salun, Raúl Castro é uma figura muito conhecida na ilha cubana, mas não conta com a mesma popularidade do irmão. “Raúl não é tão carismático para impedir a influência americana na ilha. Será difícil substituir Fidel”, acredita.

De acordo com reportagem publicada pela revista americana Time em outubro, que citou fontes do governo dos Estados Unidos, Fidel teria câncer terminal e nunca voltará ao governo cubano. A Time também afirmou que a transferência de poder para o irmão Raúl Castro seria uma forma de testar a reação do público à sua ausência. Na época, Havana negou todas as afirmações da revista.

A publicação especulou que mesmo com a morte de Fidel, a situação não deve mudar muito na ilha, já que Raúl Castro já deu sinais de que não pretende alterar o rumo da condução política. “Resta saber como será a reação das pessoas com o fim da era Fidel. E também como será a reação dos Estados Unidos”, diz Alfredo Salun.

Para muitos especialistas em Relações Internacionais, a continuidade do governo de Fidel Castro em Cuba ainda é incógnita. O revolucionário, que assumiu o poder em 1959, é um líder que desperta sentimentos contraditórios em todo o mundo.

"Não duvido que uma parcela da população está cansada do regime, que é fechado e impede a democratização. Entretanto, o governo de Fidel tem a simpatia de movimentos de esquerda de todo o mundo. E não podemos negar que o regime trouxe conquistas sociais para a população, como nas áreas de saúde e educação.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;