Nacional Titulo
Espanha nega extradiçao de sócio da Bateau Mouche
Do Diário do Grande ABC
23/07/1999 | 17:44
Compartilhar notícia


A Justiça espanhola negou o pedido de extradiçao do empresário Avelino Fernandez Rivera, um dos sócios da empresa Bateau Mouche, dona do barco do mesmo nome que naufragou no réveillon de 1989, provocando a morte de 55 pessoas na Baía de Guanabara, no RJ. A decisao foi anunciada no dia 19. O outro sócio espanhol da empresa, Faustino Puertas Vidal, foi condenado a quatro anos de prisao por homicídio culposo e sonegaçao fiscal. Rivera e Vidal estao na Espanha há cinco anos.

O advogado das famílias das vítimas do Bateau Mouche, Joao Tancredo, disse que a decisao da Justiça espanhola poderá ser modificada, pois o processo está em fase preliminar. Segundo Tancredo, o pedido de extradiçao de Vidal foi aceito porque, ao contrário de Rivera, ele foi considerado culpado pela Justiça brasileira. "No dia do naufrágio, apenas Vidal e o outro sócio deles, o português Alvaro Pereira da Costa, estavam no cais antes de o Bateau Mouche partir, por isso o juiz entendeu que Rivera nao pode ser responsabilizado pelas mortes", explicou Tancredo disse que será muito difícil conseguir uma sentença em caráter definitivo favorável às vítimas no caso de Rivera, porque o tratado de extradiçao prevê o julgamento, na Espanha, de cidadaos espanhóis que cometeram crimes no Brasil.

Desde o início do processo, Rivera se exime de culpa no naufrágio atribuindo à Marinha um erro no cálculo da capacidade do barco. Segundo ele, a Marinha estabeleceu que cabiam 155 passageiros no Bateau Mouche, quando o número máximo de pessoas, como ficou comprovado pela perícia, era de 88 pessoas.

O presidente da associaçao Bateau Mouche Nunca Mais, Bernardo Amaral, filho da atriz Yara Amaral, que morreu no acidente, classificou a decisao espanhola em relaçao a Rivera de "um banho de água fria". Amaral havia ido à Espanha para entregar o pedido de extradiçao junto com o ex-ministro da Justiça Renan Calheiros e estava confiante. "Perdemos essa batalha, mas nao vamos desistir, porque, apesar de o caso Bateau Mouche ter se transformado em um ícone da impunidade, ainda temos esperança de que se faça justiça", disse Amaral.

Onze anos depois da tragédia, nenhuma das famílias recebeu indenizaçao. Tancredo, que tem 28 açoes na Justiça relativas ao caso, disse que o total das indenizaçoes chegaria a R$ 60 milhoes.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;