O eleitor de São Bernardo gosta do PT, mas longe da Prefeitura. Sem eleger prefeito desde 1988 (Maurício Soares), o partido se vê diante do mesmo desafio dos últimos quatro pleitos: tentar transferir a boa aceitação do presidente Lula ao seu candidato na corrida pelo Paço. A sigla vive situação paradoxal em seu berço, enquanto Lula bate os adversários, o partido não tem votações expressivas para prefeito (veja arte ao lado).

Para reverter essa situação, a campanha de Luiz Marinho está sendo fortemente atrelada à figura do presidente. E, apesar de Lula ter afirmado, na última semana, que pretende se distanciar das disputas municipais, ele deve subir no palanque de Marinho na tentativa de alavancar a candidatura de seu ex-ministro da Previdência. Especialistas, no entanto, acreditam que colar a imagem do candidato à do chefe de Estado não significa transferir votos.

Mas a tentativa de Marinho de destacar a proximidade com o presidente tem sido criticada pelos adversários. O candidato Orlando Morando (PSDB), por exemplo, acusou o sindicalista de "terceirizar" a campanha e afirmou que não faria o mesmo com o governador tucano José Serra, que teve seu governo avaliado pelos eleitores do município de bom a ótimo (37%) na pesquisa Diário/Ibope, publicada no último dia 20.

O levantamento apontou o petista com 13% das intenções de voto - o líder é o governista Morando, com 30%. Ainda de acordo com a pesquisa, mais da metade da população de São Bernardo (54%) avalia o governo federal de bom a ótimo, enquanto Marinho é o candidato com a maior rejeição (22%).

O PT, porém, aposta no ex-prefeito Maurício Soares (PSB) - ex-aliado do grupo governista - para aumentar a aceitação de Marinho. O cargo de coordenador político da campanha petista é emblemática para o socialista, pois foi com ele que o partido chegou ao Paço em 1988.

Outras forças - Não é só com o presidente Lula que o PT consegue boas votações em São Bernardo. Nas últimas eleições para o governo do Estado, o partido também se mostrou forte em seu berço político.

Desde 1998, o partido é o mais votado na cidade nos pleitos pelo Palácio dos Bandeirantes. Há 10 anos, a então candidata Marta Suplicy obteve no primeiro turno 120.794 votos e superou Paulo Maluf e Mário Covas, que acabaram duelando no segundo turno, com vitória tucana.

Em 2002, foi a vez do deputado federal José Genoino liderar os votos no município. No primeiro turno, o petista obteve 177.588 votos e ficou à frente do tucano Geraldo Alckmin (102.742). No segundo turno, o ex-governador diminuiu a vantagem: 207.632 a 183.694.

Na última eleição para o governo estadual, em 2006, nova vitória petista na cidade. Aloizio Mercadante teve 190.223 votos, contra 175.781 de José Serra, eleito no primeiro turno.