Diarinho Titulo
A natureza pirou?
Do Diário do Grande ABC
17/01/2010 | 07:13
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Desmoronamento, enchente, frio e calor em excesso. Parece que só dá isso na TV e nos jornais dos últimos dias. Ninguém aguenta mais ouvir falar de tragédias provocadas pela força da natureza. Será que nesses primeiros dias do ano está tudo pior? A natureza resolveu se revoltar de vez?

Janeiro, fevereiro e março são os meses em que há mais chuvas. Sempre foi assim. A Terra tem a tendência de manter o equilíbrio, então depois de receber muita incidência de raios solares, há a formação de nuvens, e a chuva cai para resfriar. Até dia 12, choveu 177,3 mm só no Estado de São Paulo, sendo que são esperados 258 mm para o mês todo, ou seja, representa 68% do total.

Além da chuva, alguns Estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, enfrentam neste ano a influência do tal do El Niño, fenômeno que é resultado do aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, trazendo a chuva para cá. Isso ocorre em intervalos de três a sete anos. O último passou por aqui no verão de 2006/2007.

SEM CULPA
Os especialistas em clima são unânimes em afirmar que as chuvas intensas que desabaram na virada do ano, principalmente em São Luiz do Paraitinga (SP) e Angra dos Reis e Ilha Grande (RJ), são consideradas normais e em nada têm a ver com as mudanças climáticas associadas ao tão temido aquecimento global. De acordo com eles, não é possível associar porque as chuvas sempre ocorreram no verão; só variam um pouco as regiões afetadas.

O problema é que esse aguaceiro todo não tem como ser escoado. O asfalto e o lixo jogado em bueiros e córregos impedem que a água vá embora e provocam enchentes. Construções em locais irregulares e desmatamentos (veja mais ao lado) também facilitam que tragédias se repitam todos os anos. Não adianta culpar a natureza. É preciso ter consciência e planejamento para que as cidades possam, enfim, começar a suportar as tempestades de verão.

Construir em encostas é um perigo

A chuva que atingiu Angra dos Reis entre 31 de dezembro e o dia 1º foi o maior volume de água despejado em 24 horas dos últimos dez anos. O saldo foi 52 vítimas fatais. Em 2002, Angra foi atingida por tragédia parecida, que matou 40 pessoas.

Com essa chuva excessiva, segundo os especialistas, mesmo um morro totalmente preservado e sem nenhum impacto humano correria risco de avalanches. Os solos de áreas de encosta, como a de Angra, têm pouca profundidade, variando de um a dois metros. Como a chuva não consegue penetrar na rocha, que está abaixo do solo, e a camada de terra que a reveste fica encharcada por ser muito fininha, a água se acumula entre as duas, formando muita lama. O resultado é fácil de adivinhar: o solo racha e desliza. Por causa da gravidade, tudo o que está na encosta desce.




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