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China pode lançar corrida armamentista com EUA
Das Agências
16/01/2001 | 12:59
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A China poderia se ver obrigada a participar de uma corrida armamentista com os Estados Unidos e os aliados de Washington Japão e Taiwan se, como anunciado, o presidente eleito americano George W.Bush procurar reforçar a defesa de seu país, estimam especialistas.

Bush pronunciou-se em favor da instalação do sistema de defesa antimísseis (NMD), projeto ao qual os dirigentes chineses se opõem fervorosamente. O presidente eleito dos Estados Unidos deixou Pequim em alerta quando, no fim do mês passado, designou para o cargo de secretário de Defesa Donald Rumsfeld, um dos mais fiéis partidários do NMD, cuja eventual instalação será decidida pelo sucessor de Bill Clinton.

O NMD e sua projetada ampliação na Ásia (o chamado TMD) ‘‘terão um enorme impacto negativo no mundo inteiro’’, advertiram semana passada ‘‘estrategistas’’ do exército chinês citados pela imprensa oficial. Pequim teme principalmente que Taiwan seja incluído no TMD, pois considera o país uma província dissidente, que deve ser reunificada ao continente até mesmo com o uso da força.

A China também não confia nas declarações americanas de que o sistema estaria voltado contra Estados como Coréia do Norte e Irã. ‘‘Se os Estados Unidos instalarem esse sistema, a China terá que gastar mais em seu programa de mísseis’’, estimou Joseph Cheng, especialista de uma universidade de Hong Kong, traçando um paralelo com a corrida armamentista entre Estados Unidos e União Soviética nos anos 80.

Longe dos jornalistas, os diplomatas chineses se conformam confiando em que, tecnologicamente, o NMD ainda esteja longe de se concretizar. A futura administração americana também enviou ‘‘sinais contraditórios’’ a Pequim sobre sua determinação em instalar o NMD, indicou um diplomata. Seja qual for a decisão, Bush herdará o delicado caso taiuanês, que os dirigentes chineses consideram ‘‘o principal problema das relações bilaterais’’.

Em entrevista ao jornal Washington Post, o vice-premier Qian Qichen denunciou uma vez mais a venda de armas americanas a Taiwan e advertiu Bush contra a cessão de sistemas sofisticados de radar à ilha. Ele acrescentou, no entanto, que ‘‘China e Estados Unidos não têm nenhuma necessidade de entrar em guerra’’ por causa de Taiwan.

Os dirigentes chineses ‘‘têm vontade de iniciar bem as relações com a administração republicana’’, depois do esfriamento provocado pelo massacre da praça da Paz Celestial, em 1989, e dos altos e baixos da era Clinton, observou um diplomata ocidental. Como exemplo disso, Pequim se dispõe a nomear seu embaixador em Washington um velho amigo da família Bush: o ex-vice-ministro das Relações Exteriores Yang Jiechi.

Yang conhece o pai do presidente eleito dos Estados Unidos desde 1977, quando o acompanhou ao Tibete antes de ser recebido na Casa Branca durante seu mandato (1989-1993). Em geral, os dirigentes de Pequim têm um certo apego a George Bush, que dirigiu o escritório de ligação americano em Pequim nos anos de 1974 e 1975, antes de os dois países estabelecerem relações diplomáticas, em 1979.

Depois do massacre da praça da Paz Celestial, Bush manteve suas linhas de diálogo com Pequim através do envio de missões secretas.




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