Uma lista com as reivindicações foi entregue nesta sexta-feira ao Parlamento por representantes de quatro associações de militares. Os militares, que derrubaram a ditadura em Portugal durante a "Revolução dos Cravos", em abril de 1974, se insurgem cada vez mais contra as medidas rigorosas adotadas pelo governo que põem em risco suas vantagens, principalmente nos âmbitos da reforma e da saúde.
Assinada por 6.495 militares da ativa, o texto pede às autoridades que respeitem a lei e os compromissos assumidos. Os militares consideram que o Estado "tem uma dívida de mais de 250 milhões de euros vinculada ao não-pagamento de soldos complementares" a militares reformados.
As forças armadas portuguesas contam com 42 mil homens.
Os militares tentaram nesta semana organizar uma manifestação para protestar contra as medidas econômicas do governo para diminuir o déficit. Porém, o governo e a justiça proibiram qualquer manifestação em Lisboa.
Revoltados com a decisão, os militares resolveram organizar uma outra manifestação no dia 21 de setembro, desta vez fazendo desfilar suas esposas.
O presidente da ANS (Associação Nacional dos Sargentos), Antonio Lima Coelho, garantiu nesta sexta-feira que "as associações pretendem respeitar todas as decisões legais e judiciais" sobre manifestações.
Já em agosto passado, uma centena de militares tinham se reunido diante da residência do primeiro-ministro José Socrates para expressar insatisfação. Na época, os militares tinham tido o cuidado de não chamar essa congregação de manifestação.
A insatisfação dos militares cresce tanto que a revista "Visão" evocou um "quase-motim".
As associações que defendem os direitos dos militares - os sindicatos são proibidos - protestam contra a elevação da idade da aposentadoria: os militares deverão ser descontados durante 40 anos, em vez de 36, antes da reforma. Além disso, o muito vantajoso sistema de saúde do qual se beneficiavam foi modificado e alinhado ao dos demais funcionários.
O ministro português da Defesa, Luis Amado, qualificou as manifestações de ilegais devido à natureza sindical. De acordo com o tribunal administrativo de Lisboa, os militares não têm o direiro de convocar protestos nem de participar de manifestações políticas ou sindicais.
"Os militares podem protestar, desde que algumas condições sejam respeitadas. A manifestação não pode ser de natureza sindical ou política, e a coesão e a disciplina das forças armadas não podem ser questionadas", explicou Amado.
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