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Preço do aço está 30% defasado no Brasil, diz Usiminas
Do Diário do Grande ABC
20/06/2000 | 15:23
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O presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares, voltou a contestar nesta terça-feira as declaraçoes das montadoras de veículos de que as siderúrgicas teriam praticado reajustes abusivos no preço do aço. Ele apresentou um estudo da empresa indicando que o preço no Brasil está defasado em mais de 30% em relaçao ao mercado internacional.

Soares informou que o aumento do aço da Usiminas foi de 46% em média, desde o início do Plano Real, até abril deste ano, o equivalente, segundo ele, à metade da inflaçao e da variaçao cambial no período. "No Plano Real, o aço da Usiminas foi um dos insumos que menos recebeu reajustes e seu preço em dólar é atualmente 22% menor que em julho de 94", sustentou o executivo. Os estudos apresentados hoje nao incluem o aumento praticado pela siderúrgica em maio, que variou de 12% a 14%.

Exportaçoes - O presidente da Usiminas rebateu também o argumento de alguns clientes de que a empresa reajustou seus preços com o objetivo de ampliar as exportaçoes. Segundo ele, a siderúrgica deve comercializar no mercado externo 600 mil toneladas de aço este ano, número cerca de 40% inferior à previsao inicial. "Nós reduzimos as exportaçoes para atender a demanda acelerada da economia nos primeiros meses do ano", observou Soares, em referência principalmente ao aumento da produçao de veículos de aproximadamente 25% nos meses iniciais de 2000.

Ele informou ainda que a estratégia da empresa é destinar 80% de sua produçao ao mercado interno. "A Usiminas participa do mercado internacional, mas é focada no interno", disse. Este ano, entretanto, o consumo interno está absorvendo 88% da produçao da Usiminas.

Rinaldo Campos Soares negou que a empresa esteja boicotando as entregas de aço para as montadoras de veículos, em razao do nao-pagamento do reajuste do produto pela indústria automobilística. Ele admitiu que pode ter ocorrido um "desequilíbrio momentâneo" no abastecimento, em razao do aumento da demanda das montadoras. "Pode ter havido um acontecimento episódico que já está sendo regularizado", afirmou.

A declaraçao de Soares é uma resposta ao presidente da Volkswagen, Herbert Demel, que no início do mês afirmou que a montadora estava recebendo apenas 85% do aço encomendado da Usiminas e da Cosipa, que pertence ao mesmo grupo. A CSN, de acordo com Demel, mantinha as entregas normalmente, apesar de reivindicar o mesmo reajuste, entre 12% e 14%, no preço de seus produtos. Soares disse ainda que nao há risco de desabastecimento de aço no mercado. "Nós investimos US$ 2 bilhoes na década de 90, sendo US$ 1,4 bilhao durante o Plano Real para aumentar a produçao", observou.

Este ano, a Usiminas deve produzir 3,8 milhoes de toneladas de aço, destinadas ao mercado interno e às exportaçoes. O presidente da siderúrgica informou que a empresa já conseguiu repassar o reajuste praticado em maio a 95% de seus clientes e que continua negociando com cinco montadoras de veículos e cinco fabricantes de autopeças. Entre as empresas que ainda pagam os preços antigos do aço estao Volkswagen, Fiat, General Motors, Ford e Mercedes-Benz. Juntos, os dez clientes sao responsáveis por 15% do total produzido pela Usiminas, que comercializa 30% de seu aço para montadoras e indústrias de autopeças. As montadoras Toyota e Honda já estao pagando de 12% a 14% a mais pelos produtos da Usiminas.




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