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Trecho Sul será liberado às 6h de quinta
Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
31/03/2010 | 07:56
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Vistoria técnica que será realizada pela Polícia Rodoviária hoje atrasou a abertura do Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas. A obra foi inaugurada ontem pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB) e será liberada para o trânsito amanhã, a partir das 6h.

Serão analisados os métodos de segurança e a sinalização ao longo dos 61,4 quilômetros da pista. O secretário de Transportes do Estado, Mauro Arce, admitiu que mesmo com a entrega da obra - houve inclusive descerramento de placa inaugural - ainda restam pintar faixas, limpar e retirar animais em alguns pontos da estrada, serviços que devem ser concluídos até a tarde de hoje.

A licença ambiental para operação da via foi emitida ainda ontem pelo Ibama (instituto Brasileiro de Meio Ambiente) e pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente - o documento foi mostrado pelo governador.

ÚLTIMOS REPAROS - A liberação tardia do Trecho Sul do Rodoanel decorre de algumas ações inacabadas ao longo da nova via.

Ontem a reportagem do Diário identificou vários funcionários da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), responsável pela obra, trabalhando no trecho de aproximadamente dez quilômetros compreendido entre a alça de acesso no Km 25 da Via Anchieta até a ponte da Ilha do Bororé, na Capital, onde foi realizada a cerimônia de entrega da estrada.

Os trabalhos estavam centrados na finalização da sinalização vertical. Algumas placas ainda recebiam inscrições referentes ao limite de velocidade e à distância de outras cidades.

Foram detectados postes de iluminação sem lâmpadas e luminárias antes da ponte sobre a Represa Billings, a maior ponte do Estado (com 1.756 metros) e aspirante a tornar-se cartão-postal de São Paulo.

A Dersa também finalizava os últimos reparos no posto da Polícia Rodoviária e unidade do Serviço de Atendimento ao Usuário. No retorno do local de inauguração para a Via Anchieta, a pista estava fechada, pois o trevo de acesso estava em fase de acabamento - a opção era sair pela Rodovia dos Imigrantes, cerca de três quilômetros antes.

Ainda assim, a obra é tratada como exemplo de eficiência do trabalho do poder público, pois fora concluída em 35 meses - foi iniciada em maio de 2007 - ao custo de R$ 5 bilhões (R$ 3,8 bilhões do Estado e R$ 1,2 bilhão da União).

O Trecho Sul liga a Rodovia Régis Bittencourt, em Embu, até a Avenida Papa João XXIII, em Mauá. Os 4,4 quilômetros que correspondem à interligação do Rodoanel até a via mauaense não estão finalizados e devem ser entregues somente em 60 dias.

Políticos da região exaltam a nova via

Os políticos do Grande ABC exaltaram os benefícios do Trecho Sul do Rodoanel para as cidades da região, apesar de não haver estudos oficiais sobre impactos de desenvolvimento econômico, de trânsito e de logística.

A nova via favorecerá principalmente os motoristas - de caminhões e veículos menores que trabalham com transporte de mercadorias e vendas - que seguem do Centro-Oeste e do interior paulista com destino à Baixada Santista. Eles não precisarão mais passar pela Marginal do Pinheiros (onde haverá redução de 43% do tráfego de caminhões) e pela Avenida dos Bandeirantes (que terá redução de 37% do movimento de veículos pesados). Os condutores que viajam aos fins de semana e feriados, e têm de acessar as principais rodovias do Estado, também serão beneficiados.

Pelos 61,4 quilômetros da mais nova estrada de São Paulo circularão cerca de 16,5 mil caminhões e 55,5 mil veículos de passeio por dia.

O deputado estadual Orlando Morando (PSDB) ressaltou que a obra trará investimentos para os municípios locais. "Sem dúvida a região despertará o interesse de empresas pela localização, pois o acesso às principais rodovias do País será facilitado", discorreu o tucano. "Se pudesse comparar, diria que essa inauguração é como o nascimento do meu filho, ou a realização do meu casamento", completou o parlamentar, que acompanhou periodicamente a evolução dos trabalhos.

"É uma obra de caráter nacional. Terá impacto positivo na economia do País, não só porque facilita o acesso às vertentes portuária e aeroportuária, como também gera consequência positiva na mobilidade urbana cotidiana", avalia o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB).

O chefe do Executivo de Rio Grande da Serra, Adler Kiko Teixeira (PSDB), observou que a cidade terá "influência indireta" do Trecho Sul. "As empresas do município estão muito melhor com a condição logística."

"Acho que a história do Grande ABC, em termos de crescimento econômico e social sustentável, é uma antes e será outra depois do Rodoanel. Nosso parque industrial e de serviços volta a ter competitividade", avaliou o ex-prefeito de São Bernardo William Dib (PSDB - 2003 a 2008).BS

Serra evita campanha antecipada, mas profere discurso eleitoral

José Serra (PSDB) realizou ontem seu último grande compromisso à frente do governo de São Paulo. Hoje, em cerimônia oficial no Palácio dos Bandeirantes, o tucano se desliga do cargo para se dedicar à pré-candidatura à Presidência. Durante a entrega do Trecho Sul, Serra evitou praticar campanha antecipada, mas proferiu discurso com conteúdo que será explorado pelo partido durante o período eleitoral.

O comandante do Estado conteve a euforia do público que compareceu à entrega de mais uma parte do Rodoanel Mário Covas. "Brasil urgente, Serra presidente", gritavam os trabalhadores que atuaram na construção da obra, após serem elogiados pelo mandatário paulista - monumento com o nome de 40 mil operários que participaram da empreitada homenageia a categoria.

"Não queremos campanha antecipada, nem de um lado nem de outro", enfatizou o tucano, cessando o coro, para em seguida exaltar sua biografia. Justamente o mote que o tucanato irá cultivar nos três meses de campanha, a partir do dia 3 de julho. A intenção é comparar a trajetória política de Serra com a da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), principal adversária na corrida pelo Planalto.

O tucano ressaltou que sua vida pública começou em 1963, quando assumiu a presidência da UNE (União Nacional dos Estudantes), em congresso realizado em Santo André. Logo depois, em 1964, considerado uma ameaça à ditadura militar, foi exilado. Permaneceu fora do País por 14 anos, retornando ao Brasil em 1977.

"Quando voltei (do exílio) participei ativamente da vida do País. Fui secretário (de Planejamento) do governo (de São Paulo, de Franco) Montoro, duas vezes deputado (federal e constituinte), senador, ministro (de Planejamento e da Saúde na administração Fernando Henrique Cardoso), prefeito (de São Paulo) e governador", enumerou.

Apesar da "longa experiência política", Serra frisou que sua motivação "nunca foi de prestígio pessoal, para atrair a atenção". "Nada disso me atrai. O único sentido é fazer coisas boas para os brasileiros. Lutar pela igualdade", discorreu.

Ao elencar as ações à frente do Estado, fez questão de ressaltar os esforços de Mário Covas (ex-governador que morreu em 2001) e do secretário de Desenvolvimento do Estado, Geraldo Alckmin, que o antecederam na condução do Palácio dos Bandeirantes.BS

Petistas são barrados; professores grevistas cobram negociação

Cerca de 20 simpatizantes do PT foram impedidos de comparecer à solenidade de inauguração do Trecho Sul do Rodoanel, ontem. O ônibus em que o grupo estava foi barrado pela Polícia Militar na alça de acesso à nova estrada, no Km 25 da Via Anchieta.

"Não vão entrar", avisou o coronel Navarro, que organizou a segurança do evento. "Esta é a democracia do governador José Serra", criticou o presidente do PT em São Bernardo, Wanderlei Salatiel, que liderava a empreitada.

Já um grupo de 40 professores ligados à Apeoesp conseguiu se aproximar do palanque e foi além. Assim que o governador foi anunciado, os manifestantes iniciaram apitaço e levantaram cartazes em alusão à greve do professorado paulista.

"Queremos negociar, mas nem isso o Serra está disposto a fazer", disse o diretor da Apeoesp de Taboão da Serra, Miguel Leme. O líder do movimento teve o apito arrancado à tapa por um dos seguranças do Palácio dos Bandeirantes.




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