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País tem recorde de aquisições e fusões

Com 179 operações em 2011, setor supera marca de 2007, mas registra retração em valores

Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
16/02/2012 | 07:00
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O Brasil teve recorde de anúncios de fusões e aquisições em 2011. Foram 179 transações com valores acima de R$ 20 milhões, superando em 25% o montante do ano anterior. Segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o maior resultado antes desse ocorreu em 2007, quando foram registradas 148 operações. "Foi um ano extremamente positivo neste mercado", avalia o coordenador do subcomitê de fusões e aquisições da entidade, Bruno Amaral. "Demonstra a confiança no País", destaca.

Por outro lado, a Anbima informou que o volume financeiro das fusões e aquisições caiu 22,7% em relação a 2010. No ano passado, os 179 anúncios representavam R$ 142,8 bilhões. "Em ano em que as avaliações estão depreciadas e a Bolsa (de Valores) terminou em queda, obviamente que teríamos impactos, e o volume financeiro caiu", diz Amaral.

A Anbima recebe dados dos agentes financeiros que participam das operações para realizar o balanço. As fusões são uniões de duas ou mais sociedades para a criação de outra, que assumirá as obrigações das anteriores. Aquisições são a compra do controle acionário de uma companhia. Também estão incluídas as OPAs (Ofertas Públicas de Ações), que são o aviso de uma empresa ou investidor majoritário ao mercado sobre a pretensão de comprar ações de determinada companhia negociada na Bolsa, e as reestruturações societárias. As transações envolvem empresas com e sem capital aberto.

BRASILEIRAS - O destaque de 2011 ficou por conta da demanda das empresas brasileiras por companhias da mesma nacionalidade. Dentro dos R$ 142,8 bilhões anunciados, R$ 63,2 bilhões são provenientes deste tipo de transação, crescimento de 59,1% sobre o ano anterior. A Anbima registrou 94 atividades nesta linha, contra 62 em 2010.

Dentro do segmento teve destaque a reestruturação societária das controladas pela Telemar Participações, holding (empresa acionista majoritária) que controla algumas empresas de telecomunicações como a Oi. A operação foi a mais relevante do ano passado, com valor de R$ 20,8 bilhões.

A segunda maior contribuição no volume financeiro listado pela Anbima, em 2011, foi das aquisições de empresas brasileiras por estrangeiras, que somaram R$ 37 bilhões, queda de 34,9% em relação ao ano anterior, quando o segmento liderava com R$ 56,9 bilhões.

Neste caso, uma das operações de destaque foi a aquisição da Aleadri, controladora da Schincariol, pela empresa japonesa do setor de alimentos Kirin. Somente essa operação, de R$ 4,7 bilhões, garantiu 50,45% do controle da marca de bebidas brasileira.

As aquisições de empresas estrangeiras por brasileiras acumularam R$ 17,8 bilhões. E operações entre companhias estrangeiras, com negociações com companhias alvo brasileiras, geraram R$ 24,8 bilhões.

 

Coordenador aposta em bons resultados para este ano

 

O coordenador do subcomitê de fusões e aquisições da Anbima, Bruno Amaral, não apresentou previsões em números para este ano, mas está confiante. "Os setores que prometem são de energia, financeiro, consumo, infraestrutura e telecomunicação, este que sempre tem destaque, mesmo sem nada anunciado ainda, mas as operações são muitos grandes", diz.

Amaral acredita que os países da América Latina ampliarão a participação no mercado de fusões e aquisições em 2012 frente aos anos anteriores. E citou como indício a entrada da empresa argentina Ternium na brasileira Usiminas, resultado em operação de R$ 5,8 bilhões."Mas o destaque é para o setor de óleo e gás. Esse é um segmento que tem bastante consolidações para acontecerem", observa Amaral.

 

Estados Unidos têm participação ímpar nas compras

 

Intitulada como cenário atípico pelo coordenador do subcomitê de fusões e aquisições da Anbima, Bruno Amaral, a participação dos Estados Unidos neste mercado representou apenas 9,8% dos R$ 37 bilhões originados em operações de aquisições de empresas brasileiras por estrangeiras. "Foi fora da curva. E neste ano a representatividade deve aumentar", avalia.

O destaque foi Ásia, que teve participação três vezes maior do que os Estados Unidos, com 30,7% da representatividade.

O coringa da vez foi a Europa, que passou, e ainda passa, por crise econômica, mas foi dona da maior fatia de operações anunciadas para aquisições de brasileiras no ano passado. Segundo o relatório da Anbima, o continente respondeu por 56,1%.




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