Com poucas horas de vida, Pedro Rosalino Braule Pinto, o Pedrinho, foi sequestrado de uma maternidade de Brasília em 21 de janeiro de 1986. Em 2002, sua história veio à tona. A mãe adotiva Vilma Martins foi presa e o enredo virou inspiração para Mãe Só Há Uma (premiado no Festival de Berlim), que estreia hoje no Reserva Cultural e Espaço Itaú, na Capital. A dona do insight foi Anna Muylaert.

A diretora é a homenageada da 11ª edição do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, que ocorre até dia 27 em diversas salas. Na segunda, às 19h, será exibido Que Horas Ela Volta? no CineSec, também de Anna, com a presença da diretora.

Não pense, no entanto, que Mãe Só Há Uma segue a história de Pedrinho ipsis litteris. Lembre-se: foi baseado. Na trama, o garoto chama-se Pierre – que depois descobre ser, na realidade, Felipe – e também cresce com a mãe adotiva e sequestradora, mas tem personalidade diferente do Pedrinho real.

O jovem em questão, vivido por Naomi Nero – sobrinho de Alexandre Nero –, gosta de se vestir de mulher, transa com meninos e meninas e, uma vez obrigado a morar com a família biológica, deixa aflorar as nuances de sua sexualidade, o que os incomoda e choca. Vale ressaltar algo quase imperceptível: Dani Nefussi vive Aracy (a sequestradora) e Glória (mãe biológica). Também está no elenco Matheus Nachtergaele. Embora a identidade de gênero seja discussão válida, há pontos sem aprofundamento na trama como, por exemplo, o desfecho de Aracy. Fica a sensação de que falta algo.