Economia Titulo Indústria automotiva
Mercedes prorroga PDV em S.Bernardo
Fábio Munhoz
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
20/07/2016 | 07:21
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A Mercedes-Benz prorrogou até o dia 25 as adesões ao PDV (Programa de Demissões Voluntárias) na fábrica de São Bernardo. Segundo informações passadas por funcionários da planta, cerca de 600 pessoas já se inscreveram, o que ainda é insuficiente para cobrir o excedente de mão de obra na unidade, que, segundo a empresa, é de aproximadamente 2.000 pessoas. Como as baixas ainda não foram divulgadas oficialmente, a montadora ainda conta com 9.800 empregados.

Quando o programa foi anunciado, no fim de maio, ficou definido que as adesões poderiam ser feitas até o dia 8, e que o valor pago a cada funcionário que pedisse para ser desligado seria de meio salário adicional por ano mais um incentivo que variava conforme o tempo de casa e chegava a R$ 115 mil. Agora, a empresa afirma que o limite é de R$ 85 mil.

A montadora justifica que a redução no quadro de funcionários é motivada pela queda na demanda. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a venda de caminhões no Brasil em junho foi a mais baixa desde 1996. No primeiro semestre, o recuo foi de 31,4% ante o mesmo período do ano passado. Além dos veículos de carga, a planta da Mercedes em São Bernardo também fabrica ônibus – cuja comercialização caiu 41,2% nos primeiros seis meses ante 2015.

Conforme revela trabalhador que pediu para não ser identificado, o clima entre os operários, principalmente os que estão fora da fábrica, em licença-remunerada – são quase 1.800 –, é de muita tensão. “Estamos sem esperança. E com medo. As perspectivas não são muito boas. Na fábrica, que parece uma cidade de tão grande, está um deserto. A impressão que dá é que estamos trabalhando de fim de semana, para fazer hora extra, em que poucas pessoas vão para a montadora. Mas não. É dia de semana, e essa é a nossa realidade.”

Segundo outro funcionário, a situação tende a piorar pelo fato de a linha de montagem bruta dos caminhões estar sendo transferida para a unidade de Juiz de Fora (Minas Gerais). “Da área de 2 mil m², a metade está desativada. E, até setembro, deve diminuir ainda mais o serviço. No ano que vem, faremos apenas a montagem final dos veículos, já que as cabines virão prontas. Com isso, a empresa vai precisar de menos trabalhadores.”

Os operários revelam que, o dia em que paralisaram a produção no início de junho para participar de ato coordenado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na Via Anchieta, em defesa do emprego, foi descontado como falta não justificada. “Isso porque o sindicato tentou negociar isso, mas não teve jeito. Agora, todo mundo fica com medo de fazer greve. Quer dizer, com mais medo, porque esse sentimento todos nós já temos.”  




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