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Contas de fim de ano pesam no caixa
Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
29/11/2009 | 07:00
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O acúmulo de encargos sociais e tributários atrelado às ‘gordas' folhas de pagamento no fim do ano dá às micro e pequenas empresas uma difícil tarefa: a de começar 2010 com o caixa no ‘azul'.

No Grande ABC, por exemplo, do total de empresas instaladas, cerca de 98% são micro e pequenas. Destas, quase 40% acabam ficando endividadas no início do ano, segundo o analista de negócios do Sebrae-ABC, José Roberto Rodrigues Silva.

Problema corrente é que, a partir do mês de janeiro do ano seguinte, muitos empresários acabam tendo dificuldade no controle financeiro do caixa.

"Esse cenário é reflexo da falta de planejamento desde o início do ano. Na região, muitos empresários não fazem esse prognóstico. Consequência disso é um desequilíbrio e tanto no fluxo de caixa", diz Rodrigues Silva.

Como consequência, a empresa tem que lidar com os altos juros e multas. O advogado tributarista do Cenofisco (Centro de Orientação Fiscal), Lázaro Rosa da Silva, explica que quando o prazo para pagamento de tributos é expirado a multa é de 0,33% ao dia - limitado a 20% - e os juros ficam acumulados de acordo com a Selic (taxa básica). "Isso tudo traz descontrole financeiro e falta de investimento para a empresa", comenta.

Outro erro que prejudica o caixa é o hábito que muitos empresários têm de pagar contas particulares com reserva da companhia. "O mais indicado é que todos façam a retirada de seu pró-labore (salário), tanto funcionários como donos, não utilizando dinheiro extra do caixa", ressalta o analista de negócios do Sebrae-ABC.

Não contabilizar em planilha as despesas, o faturamento e o dinheiro reservado para investimento, também é um risco para as companhias. "As micro e pequenas somam 99% do total de empresas no País. No entanto, participam em apenas 20% do PIB (Produto Interno Bruto). Isso significa que, mesmo que as médias e grandes representem 1% do total, acabam contribuindo com 80% de tudo o que é produzido. Sinal de que o que falta nas micro e pequenas, elas (companhias médias e grandes) têm de sobra: planejamento seguro, e consequentemente, investimento", explica José Roberto.

Driblando as contas - Há dez anos, o empresário Marcelo Tristão, de São Bernardo, não abre mão de um bom planejamento. Isso garante que suas três lojas e uma fábrica da rede fast-food Azul Banana consigam seguir com o caixa equilibrado.

"Mesmo colocando tudo na ponta do lápis, como faturamento e despesas, é preciso contar com imprevistos - como o aumento de tributos. Nessas horas a saída é investir em novidades nas lojas para vender mais e cobrir os gastos inesperados."

As unidades que oferecem pratos prontos, lanches e salgados, somam 22 funcionários, todos com carteira assinada. "Em janeiro já contabilizo o quanto vou gastar com encargos trabalhistas. Ao longo dos 12 meses uma das metas é guardar uma porcentagem do faturamento para cobrir despesas de fim de ano", afirma o empresário.




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