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Natal registra encalhe de celulares
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
07/01/2006 | 08:32
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Quem assistiu nos últimos anos lojas de telefonia celular lotadas como formigueiros não apostaria num desaquecimento desse mercado a curto prazo. Mero engano. As vendas de aparelhos móveis caíram pela metade no Natal de 2005 na comparação com o Natal de 2004. Embora os números ainda não estejam consolidados, levantamento preliminar da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) estima que o total de linhas habilitadas em dezembro não passou de 2,4 milhões de unidades – queda de 45,5% ante os 4,4 milhões comercializados no último mês de 2004.

A inesperada desaceleração do setor de telefones celulares acende o sinal de alerta entre operadoras e fabricantes, mas preocupa especialmente o varejo revendedor. Empresários do setor reconhecem que superestimaram o mercado no ano passado e apostaram em crescimento acima de 10% nas vendas, em vez de queda. Resultado: o excesso de estoque nas lojas causou encalhe sem precedentes.

“Os aparelhos sem muitos recursos tecnológicos foram os que saíram menos. Por isso, foram esses os modelos que nos deram maior prejuízo. Entre eles, se destacam os telefones sem câmera digital e o flip (modelo abre-e-fecha), entre outros”, diz Adriana Viana, gerente da Comm Center, representante Vivo no ABC Plaza, em Santo André.

O temor do varejo em relação ao futuro da telefonia celular se justifica. Lojas especializadas – que se multiplicaram aos milhares na última década, em todas as partes do país – são reféns de planos e promoções definidas pelas operadoras, política que elimina a chance de qualquer tipo de ação individual dos revendedores.

“As promoções nesse último Natal não tiveram o apelo necessário para convencer o consumidor a comprar ou trocar de celular. Eles (os clientes) preferiam presentear com aparelhos de DVD, televisores ou home-theaters, que ficaram muito baratos em decorrência da desvalorização do dólar”, avalia o gerente da Panashop, no ABC Plaza, Wilson Alves.

As três operadoras de telefonia celular presentes no Estado de São Paulo – Vivo, TIM e Claro – não revelaram o volume de linhas habilitadas em dezembro, nem fizeram comentários sobre o desaquecimento do mercado. Informaram apenas que falarão sobre o assunto quando o balanço final estiver fechado, a partir da segunda quinzena desse mês.

Para o empresário do setor Thomáz Vicenttini, da Cell Store, de São Bernardo, o mercado de celulares perdeu fôlego por “incompetência” das próprias operadoras. “As últimas campanhas lançadas pelas companhias são apáticas e sem apelo comercial. Falar de graça somente nas madrugadas, durante três meses, limitar as promoções entre telefones de uma mesma operadora ou dar descontos irrisórios na compra de outro são promoções que não mostram resultados práticos”, afirma.

Mercado – Diante de um cenário atípico no segmento de telefonia móvel, parte das operadoras decidiram estender as promoções de Natal até o final de janeiro. O plano da TIM específico para o Natal – que oferece ligação gratuita durante três meses nas madrugadas e finais de semana – pode ser habilitado até o dia 16 nas revendedoras, embora oficialmente a companhia tenha encerrado a promoção em 31 de dezembro.

No caso da Vivo, durante todo este mês, os clientes podem trocar o aparelho usado ou adquirir uma nova linha por meio da promoção Sonho de Consumo, que propõe planos e tarifas diferenciadas na campanha de fidelidade. A Claro não informou se manterá os planos promocionais até o final de janeiro.

Enquanto as operadoras se articulam para tentar amenizar os efeitos da desaceleração do setor, os fabricantes apostam nas exportações a fim de manter a lucratividade. Segundo o Portal Teleco – especializado em telecomunicações –, o Brasil exportou 30 milhões de unidades entre janeiro e novembro de 2005. Já a Abinee (Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica), aponta que foram produzidos no país 60 milhões de unidades no ano passado – destes, 16,7 milhões direcionados ao mercado de reposição.




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