O chefe da divisão de repressão a crimes contra o meio ambiente e patrimônio histórico da PF, Jorge Barbosa Pontes, avalia que o grupo preso representa metade de uma das várias quadrilhas que atuam no país. "Este é um crime que não vem de hoje, fruto de um vazio normativo sobre o comércio de produtos indígenas", comentou.
Pontes afirmou que, usando lojas da Funai como fachada, a Artíndia, funcionários e comerciantes recebiam pedidos do exterior de peças, dentes ou ossos, que eram repassados para os índios de várias etnias. Nas investigações, correspondências usadas no contrabando com timbre da Artíndia foram encontrados. As encomendas eram remetidas ao exterior pelo correio. Mas nunca por empresas especializadas, pois nos países de destino havia o risco maior de serem barrados pela fiscalização. Os depósitos para pagamento das peças eram feitos nas contas dos comerciantes e funcionários envolvidos. "Os índios recebiam quantias ínfimas. Uma peça desta no exterior podia ser vendida até por U$ 4 mil", disse Pontes.
O coordenador da prisão afirmou que índios têm permissão para matar animais tanto para alimentação quanto para prática de rituais. Os artefatos podem ser produzidos a partir dos animais já abatidos. "Mas o que vinha ocorrendo é que índios matavam animais para cumprir as encomendas", disse.
A Operação Pindorama atingiu os Estados de São Paulo, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Goiás e Amapá e o Distrito Federal, e pode levar mais pessoas à cadeia. Mais de mil peças foram apreendidas, entre elas cocares feitos com de penas de araras, papagaios, peças com peles de onças, garras de tatus e dentes de macacos.
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