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Toledo mistura culturas árabe e cristã
Christiano Carvalho
Do Diário do Grande ABC
29/05/2002 | 19:13
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Construída pelos romanos no alto de uma colina às margens do rio Tejo, na Espanha, Toledo transpira história. A rica síntese das culturas árabe e cristã é a principal característica desta cidade, espécie de capital da região de Castela-La Mancha, cenário do romance imortal de Miguel de Cervantes – Dom Quixote de La Mancha –, escrito no início do século 17. Campos de girassóis, rebanhos de ovelhas, moinhos de vento, castelos medievais e o próprio povo... Tudo em Toledo exerce um fascínio único.

A apenas 71 km da capital Madri, Toledo exibe um invejável legado árabe, povo que a dominou por quase 150 anos, entre os séculos 6 e 8. Fazem parte dele as mesquitas do Cristo da Luz (século 10), as portas antiga e nova de Bisagra, e as portas de Alcântara e de Bib-Al-Mardum, assim como partes da muralha que cercava a cidade.

Também é evidente a mistura de estilos arquitetônicos nos palácios, arcos, monastérios, igrejas e conventos. A Porta do Sol, construída no século 14, é o símbolo que melhor define essa síntese. Ela conduz o visitante à cultura judaica, que durante 500 anos conviveu em relativa harmonia com a muçulmana e a cristã. As sinagogas de Santa Maria Branca e do Trânsito, onde foi instalado o Museu Sefardi, são outros exemplos da influência dos judeus.

Mas a obra mais impressionante de Toledo é a gigantesca Catedral, em estilo gótico, que levou 300 anos para ficar pronta. Em seu interior, além do esplêndido altar, estão quadros de artistas espanhóis consagrados como El Greco e Goya e um extraordinário conjunto de cadeiras de couro. Há ainda a vigília de Arfe, que, durante o feriado de Corpus Christi sai em procissão.

Outros trabalhos de El Greco podem ser vistos na Igreja de São Tomé, que abriga sua obra-prima O Enterro do Conde de Orgaz; no Museu do Hospital de Tavera; e no Museu de Belas Artes, no Hospital de Santa Cruz. Obras de Tiziano e Rubens também fazem parte dos acervos locais.

A Fortaleza do Alcázar a Ponte de San Martín merecem uma visita. Do Hotel Paradero se tem a melhor vista da cidade. No verão, vale a pena assitir ao pôr-do-sol à beira do rio Tejo – o céu fica avermelhado e as águas, prateadas.

São nas terras manchegas, ao longo de uma imensa planície, que se encontra o melhor açafrão espanhol, ao lado de vinhedos, campos de trigo e frutas. Há ainda um famoso queijo feito com leite de ovelhas. Ao redor de Toledo estão pequenos vilarejos, habitados em geral por pastores e agricultores. Os moinhos, que serviam para triturar o trigo, estão hoje desativados mas continuam a enfeitar a paisagem da região.

Toledo também é conhecida pelas fábricas de facas e espadas, algumas delas abertas para visitação. Em 1761 o rei Carlos III criara a Fábrica de Espadas Real, que foi transferida para Sevilha durante as Guerras Napoleônicas.

O processo artesanal de confecção dos artefatos começou a ser substituído por máquinas industriais a partir de 1870, o que levou a uma produção máxima de 40 mil lâminas por ano.

A partir da década de 90 a indústria cuteleira de Toledo passou a usar o aço inoxidável, depois que perdeu espaço para os Estados Unidos, Japão e Alemanha.




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