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Assessor de Saá cai e ministros colocam cargos à disposição
Do Diário OnLine
Com Agências
29/12/2001 | 19:11
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A onda de protestos que tomou as ruas de Buenos Aires entre a noite de sexta-feira e a madrugada deste sábado levou à demissão de um assessor do presidente interino da Argentina, Adolfo Rodríguez Saá, e à renúncia de todo o seu gabinete de ministros. O presidente provisório não divulgou se aceita a demissão, mas até este domingo algumas mudanças deverão ocorrer. O novo pacote econômico que vai tentar tirar a Argentina de sua longa recessão pode ser divulgado ainda neste sábado.

Foi a primeira onda de protestos enfrentada por Saá, que assumiu após a renúncia de Fernando de la Rúa. O recente "panelaço", que deixou pelo menos 12 policiais feridos e resultou em 33 prisões, levou à renúncia de Carlos Grosso, o secretário-geral do gabinete de ministros, acusado de corrupção. Os protestos também foram motivados pela decisão da Corte Suprema da Argentina, que decidiu manter a restrição aos saques bancários – medida adotada em 3 de dezembro para evitar uma corrida desenfreada aos bancos.

A situação ficou mais calma durante este sábado, mas Saá decidiu suspender as atividades do governo e convocou pela manhã uma reunião de emergência para a residência oficial de Olivos (afastada do centro de Buenos Aires).

"Lamento profundamente os atos de violência registrados durante a noite de sexta-feira e a madrugada de sábado. Peço aos argentinos que mantenham a paz social", afirma uma nota divulgada neste sábado pelo governo de Saá.

Violência - Cerca de dez mil argentinos de diversos setores da capital, Buenos Aires, seguiram rumo à Praça de Maio, tradicional cenário de protestos, para um "panelaço" contra a manutenção na restrição aos saques bancários a US$ 1 mil por mês e a escolha de políticos considerados corruptos para o gabinete de Rodríguez Saá.

Os protestos começaram em frente à Corte Suprema, logo depois que a restrição aos saques foi mantida, e atravessou violentamente a madrugada. Partindo da Praça de Maio, os manifestantes tentaram tomar a Casa Rosada, sede do governo argentino, e foram reprimidos pela polícia. Bombas de gás e jatos d’água foram usados pelos policiais para evitar um ataque à casa de governo, que foi apedrejada.

A sede do Congresso argentino não teve a mesma sorte. Manifestantes conseguiram invadir o prédio e promoveram diversos estragos. Móveis foram queimados, vidros foram quebrados e bustos de políticos que enfeitavam o edifício foram destruídos nas ruas. Segundo a polícia, 12 soldados ficaram feridos e 33 prisões foram realizadas.

A Polícia Federal argentina afirmou que uma agência do Banco Galícia e uma lanchonete, ambas nas proximidades da Praça de Maio, foram saqueadas durante os protestos da madrugada.

O senador peronista (Justicialista) Eduardo Duhalde, que foi vice-presidente de Carlos Menem durante seu primeiro mandato, advertiu neste sábado para os perigos de uma "guerra civil" na Argentina e pediu pela "busca de uma solução" à restrição nos saques bancários.

Mas políticos que fizeram parte dos dez anos de governo Menem (89-99) foram intensamente lembrados nos protestos desta madrugada. Principalmente Carlos Grosso, secretário-geral do presidente provisório Rodrigues Saá. Prefeito de Buenos Aires de 1981 a 1991, Grosso é alvo de várias denúncias de corrupção.

Logo que foi nomeado por Saá para o cargo de confiança, Grosso disse a seus opositores que tinha sido chamado pelo presidente provisório por sua "inteligência" e não por seu "histórico". Mas, diante do agravamento na tensão civil, o ex-prefeito da capital decidiu entregar o cargo para amenizar os ânimos.

Foi a primeira onda de protestos enfrentada por Rodríguez Saá em sua passagem pelo governo provisório. Pouco antes das manifestações, o governante provisório admitiu ter recebido um país "em estado de calamidade pública" e "feito uma fogueira" e disse que buscava a "paz social" e evitar novos confrontos.

Na semana passada, quarta (19) e quinta (20), os argentinos saíram às ruas e promoveram um intenso "panelaço", que resultou nas renúncias do ex-ministro da Economia Domingo Cavallo e do ex-presidente Fernando de la Rúa.




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