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Passar com médico, só pagando
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
15/05/2011 | 07:13
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Mesmo pagando o boleto do plano de saúde todo mês, os moradores do Grande ABC que precisam passar em consulta com rapidez têm que desembolsar, no mínimo, R$ 120. Isso porque o agendamento com médicos especialistas demora até 90 dias. Entretanto, a espera cai para menos de sete dias quando o paciente paga pela consulta.

Clínicas consultadas pela equipe do Diário também fazem distinção entre os planos de saúde. Neste caso, quem tem planos baratos espera mais. Em alguns casos, a diferença chega a 21 dias na agenda do mesmo profissional.

O tempo aumenta conforme a especialidade médica selecionada, mas ginecologistas, neurologistas e otorrinolaringologistas são os que têm menos horário nas agendas.

Para o especialista em saúde suplementar José Luiz Toro, o problema acontece por que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) fiscaliza apenas um lado da situação, o das operadoras. "Hoje, o órgão regulamenta só os planos de saúde, não a atividade médico-hospitalar. A ANS não tem competência legal para mudar a agenda do médico", explica.

Sem qualquer norma para assegurar atendimentos rápidos, nem mesmo o Procon pode ajudar os consumidores. "Não temos qualquer poder de veto à agenda do médico, só se ficar provado que a demora aconteceu por preconceito, o que é praticamente inviável (de comprovar)", diz a diretora da instituição em Santo André, Ana Paula Satcheki.

Procuradas, as operadoras negaram qualquer cláusula contratual que especifique número de consultas mensais em uma rede credenciada e, caso o cliente enfrente a situação, deve notificar o grupo pelo SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente).

 

Norma estabelece prazo de agendamento

Para pôr fim aos problemas, a ANS confirmou que publicará norma estabelecendo prazo máximo para agendamento de consultas e procedimentos. A ideia é que o usuário não espere mais de sete dias, em procedimentos simples, e 14 dias para consulta com especialistas.

Como não há data para que a iniciativa seja publicada e torne-se regra, o órgão diz que, por enquanto, "enquadra tais situações como negativa de cobertura, o que pode levar à aplicação de penalidade grave".

O cliente que passar pela situação deve pedir esclarecimento ou fazer denúncia no Disque ANS (0800 701 9656) ou na sede do órgão, que fica na Avenida Bela Cintra, 986, no Jardim Paulista. O telefone é 3218-3757.

 

Pronto-socorro demora até três horas para atender paciente

Embora não diferencie atendimentos para planos de saúde e consultas particulares, os pronto-socorros da região ainda estão longe de receber bem os pacientes. A espera para passar com o plantonista varia de 30 minutos até três horas, isso em um dia de pouco movimento pelos corredores dos complexos hospitalares.

A espera é maior conforme a cidade escolhida para receber atendimento médico. Em Santo André, Mauá e Diadema o prazo fica entre uma hora e trinta minutos até três horas; em São Bernardo, varia de 50 minutos a uma hora e meia; já São Caetano demanda de 20 a 50 minutos.

A situação piorou após o fechamento dos hospitais São Caetano, Mauá e da maternidade Neomater, o que fez com que os demais centros absorvessem a demanda. Não há prazo para a situação ser regularizada.




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