É noite do tri. O cenário do Morumbi está todo preparado para ver o São Paulo três vezes campeão da Copa Libertadores da América, a busca daqueles que lutam pelo título do Campeonato Brasileiro e o sonho de quem deseja estar na competição sul-americana. Sem menosprezo ao adversário, o Atlético-PR, que acabou chegando como uma grande surpresa para o futebol brasileiro, é uma disputa de gigantes que tem, no Tricolor, o favorito absoluto. Futebol se decide em campo, durante os 90 minutos. Esse discurso, todo mundo conhece. Mas a superioridade técnica da equipe do técnico Paulo Autuori pode fazer o estádio explodir em alegria, pintado de vermelho, preto e branco.

  São mais de 73 mil pessoas, a imprensa com sua atenção voltada para o espetáculo maior no país do futebol. Nada de frase feita, de óbvio, mas de olho no representante brasileiro no Mundial da Fifa de dezembro. Tudo é surpreendentemente inspirado em talento e emoção, nos dribles e as grandes defesas.

  Estarão ali as 22 estrelas desse show, que embora caminhe para a conquista do mais forte, não tira, em momento algum, o brilho de quem pode surgir como uma grande surpresa. Um clube que já marcou seu nome na história de um título brasileiro e que conseguiu tirar do Santos o mesmo sonho que nesta quinta-feira corre atrás o São Paulo.

  É noite do tri no Morumbi. É noite de reviver os tempos em que o time de Telê Santana entrava sempre em campo com a certeza de vitória, independentemente de quem vestia a camisa do outro lado. Não era desdenhar quem quer que fosse. Era confiança absoluta naquilo que aquele grupo era capaz de fazer. E fazia bonito, com perfeição, nas mãos de um treinador de talento incontestável, que depois de anos ainda tem guardado na memória seus momentos de glória.

  Raí, ídolo no clube e que esteve com Telê nesse momento, nunca escondeu o que é disputar uma final de Libertadores. Em 1992, quando encarou os pênaltis contra o Newell’s Old Boys, declarou, na época, que sentiu seu coração parar de bater no momento em que foi para sua cobrança. Natural pelo seu espírito lutador e de afinidade com o clube e com a própria torcida. Sentimento que qualquer torcedor – e só um torcedor –, de geral ou cativa, consegue entender o que significa.

  Nesta quinta-feira, quando subir o túnel do vestiário 1, não será diferente a sensação do goleiro Rogério Ceni. O artilheiro dos três paus é a imagem da arquibancada. É, a partir dele – mais precisamente dos seus pés e mãos –, que o Morumbi lotado confia na conquista. Rogério esteve nos outros títulos, mas assistiu a tudo do banco de reservas. Viu Zetti brilhar à sua frente e agora tem a oportunidade de levantar a taça como capitão que é, líder dentro e fora do gramado, a imagem que o são-paulino pode carregar do lado do símbolo na camisa.

  Rogério Ceni não tem o que temer. Que saia para bater a falta – quem sabe o início dessa conquista que o clube busca há 11 anos –, ou mesmo resolver na cobrança de pênalti. Ele confia no trabalho que realiza incansavelmente, dia após dia, manhã e tarde. E a sua torcida confia nele.

  

Alegria agora– O são-paulino confiante no tri entende, perfeitamente, que encomendar a festa não está relacionado a pretensão, mas sim organização. Um time campeão se faz com pensamentos que correm antes dos fatos, o que prepara um caminho e abre as portas para as vitórias.

  O São Paulo vai entrar em campo para ser campeão, para ter um título a mais do que todos os outros. E é por ser o único que pode fazer isso acontecer de verdade que o sonho está vivo, vibrante. E é por tudo isso que o Morumbi vai tremer esta noite, espera-se sem violência, numa multidão só de alegria. E que o São Paulo saiba valorizar a sua condição de estar perto, muito perto, do tri.