Economia Titulo Mercado de trabalho
Taxa de desemprego entre jovens é de 26,6%

Para população geral da região, percentual é
de 12,5%, segundo pesquisa do Seade e Dieese

Fábio Munhoz
Paula Oliveira
23/06/2016 | 07:00
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Anderson Silva/DGABC


A taxa de desemprego entre os jovens de 16 a 24 anos do Grande ABC chegou a 26,6% em 2015, segundo dados da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) divulgados ontem. O estudo é feito pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Considerando todas as faixas etárias, a proporção de desocupados na região é de 12,5%. Ou seja, entre os trabalhadores com idade entre 16 e 24 anos, a taxa de desemprego é mais do que o dobro do que para a população geral, o que revela que os jovens estão sofrendo mais com a retração no mercado de trabalho.

De 2013 para 2015, com o agravamento da crise econômica no País, a taxa de desemprego no grupo de indivíduos com menos de 24 anos aumentou 6,2 p.p. (pontos percentuais) – era 20,4%. No conjunto de todas as faixas etárias, foi elevada em 2,4 p.p. no período.

O economista Alexandre Loloian, assessor técnico do Seade, explica que um dos motivos para que os jovens sejam mais afetados pelo desemprego é a falta de “políticas explícitas que ajudem na inserção ao mercado de trabalho”. Ele acrescenta que, com a crise, “as empresas vão preferir sempre as pessoas com experiência do que pegar jovens para se aculturar ao ambiente organizacional”.

No recorte da população entre 16 e 18 anos, a taxa de desemprego é ainda maior: 40,2%. Em 2008, estava em 33,5%. Loloian pondera, entretanto, que a evolução desse indicador não necessariamente representa um fato negativo. “Os jovens estão postergando a entrada no mercado para se dedicar mais aos estudos”, explica. Por outro lado, admite que a convocação dos adolescentes prestes a atingir a maioridade ao serviço militar também acaba sendo um empecilho. Isso porque, durante o período de alistamento, a empresa não pode demitir o funcionário.

A pesquisa mostra ainda que, no biênio 1999/2000, 12,3% dos moradores da região com 16 a 24 anos não trabalhavam nem estudavam, percentual que caiu para 10,5% de 2014 a 2015. A proporção de pessoas nesta faixa etária que apenas cuidam de afazeres domésticos passou de 7,4% para 3%. Já os que dedicam todo o tempo aos estudos registraram elevação de 4,8 p.p., de 13,9% para 18,7%.

A taxa de desemprego entre mulheres com 16 a 24 anos chegou no ano passado a 29,5%, enquanto para os homens atingiu 24,1%. Em 2000, a desigualdade era ainda maior: 34,6% e 26,9%, respectivamente. Já na divisão por cor, a taxa de desocupação em 2015 nesta faixa etária era de 28,5% para os negros e 25,7% para os demais. Em 2000, 33,8% dos negros estavam sem emprego, enquanto 29% dos não negros encontravam-se fora do mercado.

Nível de escolaridade sobe em 15 anos

Em 15 anos, o nível de escolaridade do trabalhador jovem aumentou no Grande ABC. Em 2000, 39,1% dos indivíduos entre 16 e 24 anos possuíam o Ensino Médio completo ou o Superior completo, segundo a pesquisa da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Em 2014, o percentual atingiu 56,7%, chegando, no ano seguinte, a 57,5%.

Já na faixa etária dos 25 aos 29 anos, a proporção de pessoas formadas no Ensino Superior, que era de 11,2% em 2000, alcançou 25,9% em 2014 e teve pequena queda em 2015, atingindo 25,2%.

O economista Alexandre Loloian, assessor técnico da Fundação Seade, explica que a elevação no nível de escolaridade se deve a diversos fatores, como a universalização do ensino e o aumento da oferta de financiamentos estudantis por meio de programas federais como ProUni (Universidade para Todos) e Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). “Além disso, a população jovem se conscientizou da necessidade de se qualificar para poder enfrentar a concorrência no mercado de trabalho”. Acrescenta.

Loloian destaca que, mesmo com a crise econômica, as famílias estão evitando fazer com que os adolescentes deixem os estudos para ajudar na composição da renda doméstica. Essa solução tem sido possível em razão do aumento na participação feminina nas empresas. Em 2000, as mulheres representavam 41,1% do total de trabalhadores, percentual que em 2015 chegou a 45,8%. 




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