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Os vereadores de Santo André demonstraram incômodo, ontem, durante a sessão da Câmara, com o manifesto de nove entidades de classe da cidade que encaminharam carta de repúdio contra o possível reajuste salarial dos parlamentares. Eles têm até o fim de setembro para decidir se aprovam proposta de aumento dos próprios vencimentos. Majoração pode ser de até 26,3%, baseado no percentual de remuneração atribuída aos deputados estaduais. Com o documento em mãos, alguns deles usaram a tribuna e expressaram irritação com a pressão já firmada sobre a futura votação do texto em plenário.
O governista Luiz Alberto (PT) utilizou de ataque às instituições que assinaram o protesto, classificando de “aproveitadores” e rasgando o documento na sequência, na tribuna. “É palhaçada, vergonha. Tenho que prestar contas aos meus eleitores e não a vocês (entidades). Isso não me pressiona. Vou votar pela minha consciência, não por pressão de ninguém. Parece que aqui é tudo cambada de vagabundo”, disse, sem revelar seu posicionamento em relação ao caso. “Não teve discussão”, sintetizou. A última apreciação de acréscimo nos subsídios ocorreu em 2012, com vigência do exercício seguinte. Em caso de elevação, o holerite subiria dos R$ 15.031 atuais para R$ 18.991.
Desconfortável com a situação, Donizeti Pereira (PV) afirmou que as instituições representadas no manifesto, diante também da justificativa de crise econômica no País e no município, “poderiam dar exemplo” e rejeitar recebimento de recursos neste ano para a realização de festividades, indicando à Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), uma das adeptas da carta, ao lado de outras, como o Ciesp e Sindicato das Indústrias da Construção Civil. “Como o momento é de cortar gastos (públicos), sugiro que abram mão de R$ 1 milhão que pegam para enfeites de Natal.”
O presidente do Legislativo, bispo Ronaldo de Castro (PRB), alegou que o posicionamento das entidades se deu de forma precipitada ao reiterar que o texto ainda não está em discussão interna. Segundo o republicano, a pauta entrará em debate após o desfecho do recesso parlamentar, em agosto. “Cada um tem maneira de pensar, expressar a opinião. Acho que se anteciparam (instituições). Hoje não existe nada claro (sobre apoio ao projeto)”, justificou, citando que “tudo depende de haver consenso entre os 21 vereadores, de entendimento”. “A minha opinião não tenho ainda ela formada.”
Poucos parlamentares revelaram, antecipadamente, o voto. José de Araújo (PSD) evitou declarar sua postura. “Cabe à mesa diretora (a autoria da proposta). Não está em discussão no momento”, esquivou-se, discurso repetido por boa parte da Casa. Luiz Zacarias e Marcos Pinchiari, ambos do PTB, por sua vez, colocaram-se contrários a aumento neste período de instabilidade econômica. “As coisas dependem dos 21 (pares), só que os vereadores já ganham bem”, pontuou Zacarias. “Não há cabimento um acréscimo. Não temos esse direito, seria incoerência com a real situação da sociedade.”
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