Pesquisas demonstram que apesar de a Tensão Pré-Menstrual atingir a maior parte das mulheres, há aquelas que nem sabem o que é isso, como existem as que vivem em permanente TPM. Há ainda mulheres que bastou a menstruação chegar para tudo voltar ao normal, como há aquelas cujo desconforto acompanha todo o período menstrual.

As reações são as mais adversas. Um amigo disse que sua namorada nesse período sente-se incomodada quando ouve alguém mordendo uma maçã e acha lingerie a coisa mais desconfortável do mundo. Há relatos de mulheres que ficam inconformadas com a desordem de altura das pessoas sentadas nos bancos em pontos de ônibus e se seguram para não colocar o baixinho na ponta e a altona na outra extremidade.

Mas uma coisa é certa: homens, sem exceção, desconhecem profundamente a TPM e o que significa para a mulher. Um comerciante da região confidenciou que pelo fato de nesses dias não ter sexo ele também fica mais nervoso. "Já xinguei um garçom só porque ele me perguntou se eu desejava o cardápio. Na ocasião, um amigo até ironizou minha braveza: ‘Tá em TPM, é?'." Um policial de Ribeirão Pires disse que a mulher na TPM transita entre o OB (marca que já é sinônimo de absorvente feminino interno) e o BO (Boletim de Ocorrência).

A TPM é tão determinante que a Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, medalha de ouro na Olimpíada de Pequim no ano passado, contou até com estudos de seu preparador físico, José Elias de Proença, iniciados em 1996 ao lado do técnico José Roberto Guimarães, a fim de que esse fator não atrapalhasse o desempenho da equipe. E deu certo.

"Durante os Jogos Olímpicos teríamos sete atletas menstruadas e quatro em TPM. Com medicamentos e alimentação balanceada conseguimos contornar isso e só tivemos uma atleta em TPM na competição." De acordo com ele, para que a equipe técnica e as próprias companheiras não virem vítimas da TPM joga-se aberto. "Todo mundo é comunicado que determinada jogadora está num dia mais delicado e respeitamos as alterações de humor e até sua queda de rendimento."

Outro que tem experiência de sobra a respeito da TPM é o técnico do São Caetano/Blausiegel, Joílson de Andrade Silva, o Chicão. Ele trabalha há cerca de dez anos com vôlei feminino nas categorias juvenil e adulto. "O homem nunca vai entender a fundo o que é uma TPM. O que nos cabe é respeitar a mulher e sua natureza. Quando a atleta está nessa fase ela perde o entusiasmo e o vigor."

Apesar de estar há tanto tempo em contato com elas, o técnico explica que nunca foi agredido ou recebeu uma palavra mais áspera. "Muito disso é porque elas sabem que eu as compreendo. Agora, se o sujeito quiser bater de frente, então levará o seu."

Não tão complacente é o jogador Antônio Flávio dos Santos, 22 anos, do Ramalhão. Quando sua namorada Jéssica Martins, 17 anos, está em TPM fica agressiva, não quer transar, retrai-se completamente. E, ele, por sua vez, também se irrita com ela, e não raro acabam discutindo. "Apesar das pequenas brigas, sempre fazemos as pazes quando a turbulência se vai."

O jogador comenta que por saber que a companheira não está legal nem sempre consegue render bem em campo. "Quando a cabeça e o coração não estão em sintonia é mais complicado." Antônio Flávio tem três gols no Campeonato Paulista e, pela paixão dos dois, deverá viver ainda uma infinidade de atritos por causa da TPM.

Apesar de universos teoricamente diferentes e da visão não raro machista de muitos, acertou o poeta mauaense Edson Camargo ao dizer que Deus deu alguns dias de TPM à mulher para que o homem pudesse enxergar na companheira seu temperamento masculino, incomodado e inconstante, que predomina todos os dias do mês, e que elas, com muito amor, conseguem tirar de letra.

Dentro dessa perspectiva, TPM não poderia ter também o significado de temperamento predominantemente masculino?