Economia Titulo Comércio exterior
Exportações caem 8,6% na região entre janeiro e maio; balança tem saldo positivo

Importações tiveram retração de 34,3% nos cinco
primeiros meses de 2016 na comparação com 2015

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
12/06/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


As exportações feitas por empresas do Grande ABC retraíram 8,55% nos cinco primeiros meses de 2015 na comparação com o mesmo período do ano passado. O valor obtido com as vendas ao Exterior caiu de US$ 1,989 bilhão para US$ 1,819 bilhão, ou seja, US$ 170 milhões a menos. É como se, a cada dia, as companhias da região deixassem de faturar US$ 1,1 milhão com esse tipo de transação. O levantamento foi feito pelo Diário com base em dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Para o professor Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, um dos motivos que levam à queda nas exportações é a alta volatilidade do dólar. Considerando somente os cinco primeiros meses de 2016, a cotação mais baixa da moeda norte-americana foi de R$ 3,44, enquanto a mais alta chegou a R$ 4,16. Oscilação de 20,9%, portanto. “É preciso que haja estabilidade para que o empresário veja quando o negócio vale a pena e em que condições. A flutuação excessiva gera um risco elevado ao se fazer projeções.”

Outro fator citado pelo especialista como influente para a redução nas vendas ao Exterior é a turbulência pela qual passa a política do País. “Quem está fora vê tudo o que está acontecendo no Brasil e fica receoso. Não sabe, por exemplo, se a Dilma (Rousseff) volta e, nesse caso, como ficaria a política econômica. Tem alguns elementos que sugerem instabilidade e que colocam o empresário em compasso de espera”, acrescenta o economista.

A única cidade da região que registrou alta nas exportações foi Diadema, com 15,32% de crescimento. Entre os produtos que tiveram aumento nas vendas estão itens médicos, como materiais cirúrgicos. Maskio destaca que a maior variedade no rol de mercadorias oferecidas colocou o município em situação mais privilegiada no comércio exterior. “À medida que se amplia o mix de produtos, torna-se menos dependente de um setor específico e as chances de sucesso aumentam.”

As importações também caíram, mas em ritmo ainda mais acentuado. Na comparação dos cinco primeiros meses de 2015 com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 34,26%, passando de US$ 1,963 bilhão para US$ 1,290 milhão. Em números absolutos, foram US$ 672,6 milhões a menos. Todos os municípios registraram retração neste indicador.

Maskio avalia que a diminuição nas importações é reflexo da queda na atividade econômica do País. Com a recessão, o ritmo de produção fica mais lento, fazendo com que as empresas locais demandem menos insumos vindos do Exterior. A alta do dólar em relação ao ano passado também tem influência, pois encarece os produtos importados.

A balança comercial (diferença entre o total de exportações e de importações) passou de US$ 25,6 milhões nos cinco primeiros meses de 2015 para US$ 528,2 milhões neste ano. Foram registrados saldos negativos em São Caetano, Diadema e Rio Grande da Serra.


Exportações para o México têm alta de 15,3% em 2016

O faturamento obtido pelas empresas do Grande ABC com vendas ao México teve alta de 15,26% nos cinco primeiros meses de 2015 na comparação com o mesmo período do ano passado. Em valores absolutos, as exportações para aquele país passaram de US$ 157,2 milhões para US$ 181,2 milhões.

Com isso, o peso das transações com os mexicanos em relação ao total das exportações aumentou dois pontos percentuais de 2015 para 2016, chegando a 9,96% nos cinco primeiros meses deste ano.

“A parceria com o México está muito ligada às montadoras, já que várias delas têm fábricas aqui e lá. É um comércio intrafirmas”, explica o professor Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista. Alguns modelos de veículos são fabricados no Brasil – no Grande ABC, especificamente – e vendidos no México, como o Gol, a Saveiro e o Voyage, da Volkswagen. Entre os que são produzidos lá e vendidos em território brasileiro estão o Volkswagen Golf, o Nissan Sentra e o Ford Fusion.

Apesar da boa relação entre Brasil e México, o professor Marcos Antônio de Andrade, do curso de Ciências Econômicas da Universidade Mackenzie, pondera que Acordo Transpacífico, assinado em fevereiro e que cria zona de livre comércio entre 12 países – o México está entre eles –, pode alterar essa parceria. Isso porque o novo tratado poderá gerar mercados mais vantajosos para os mexicanos, o que diminuiria a participação brasileira. “É uma incógnita que ainda não dá para desvendar”, reconhece o especialista.

Por outro lado, as exportações para a Argentina tiveram queda de 15,26%, passando de US$ 921,1 milhões para US$ 793,7 milhões. Mesmo assim, os hermanos continuam sendo os maiores parceiros comerciais do Grande ABC no Exterior: a cada US$ 100 obtidos pelas empresas da região com transações internacionais, US$ 43,63 vêm dos argentinos.

Mesmo com a queda, Andrade considera a possibilidade de que, nos próximos meses, voltem a aumentar as exportações para a Argentina. “Da mesma maneira que estamos enfrentando uma recessão, eles também passaram por isso até o fim do ano passado. Ou seja, ainda estão se recuperando”, comenta. Ele cita ainda que, no fim de maio, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, se reuniu com o presidente argentino, Mauricio Macri, para tentar estabelecer acordos bilaterais de comércio. “É um mercado que deverá se tornar mais favorável, mas ainda é algo a médio prazo”, acrescenta Sandro Maskio, que reforça que a instabilidade brasileira também pode ser empecilho para as exportações para lá. “Muitas vezes o problema não está lá. A incerteza é aqui”, reforça o especialista.

Balança comercial brasileira teve saldo de US$ 19,7 bi no acumulado do ano

A balança comercial (diferença entre o total de exportações e o de importações) brasileira registrou saldo de US$ 19,661 bilhões no acumulado entre janeiro e maio de 2015, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. No mesmo período do ano passado, o indicador ficou no negativo, com - US$ 2,3 bilhões.

Entretanto, assim como ocorreu no Grande ABC, o fato de a balança ter ficado no azul não indica melhora das atividades de comércio exterior. O resultado positivo só foi possível porque as importações caíram mais do que as exportações: -30,09% e -1,625, respectivamente. O cenário ideal seria se os dois indicadores subissem e que as vendas crescessem mais do que as compras.

Considerando apenas os resultados de maio, o saldo da balança foi de US$ 6,436 bilhões, ante US$ 2,758 bilhões no quinto mês de 2015.

A China continua sendo o maior parceiro comercial do Brasil. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2016, o valor contabilizado com exportações para lá chegou a US$ 15,694 bilhões. No mesmo período do ano passado, foi registrada movimentação de US$ 13,734 bilhões. O país também lidera no ranking de importações, com US$ 9,221 bilhões.

Dos US$ 73,493 bilhões faturados com exportação no Brasil, US$ 33,396 bilhões foram de produtos básicos, o equivalente a 45,4%. Os itens industrializados trouxeram ao País US$ 28,114 bilhões, o que representa 38,25% do total movimentado. 




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